A retomada do crescimento dos índices atribuídos em pesquisas a Jair Bolsonaro geraram acusações e discussões em muitos comitês
Um misto de ressaca e de fim de festa, com muita gente batendo cabeça e já buscando culpados. Assim foi a quarta-feira após a divulgação da pesquisa do Datafolha que indicou o crescimento de quatro pontos da candidatura de Bolsonaro e o fortalecimento de seu nome em segmentos que era tidos como cativos dos nomes vinculados à esquerda: mulheres e jovens, principalmente de áreas e regiões mais periféricas.
O desalento começou pelo chamado efeito rebote, no qual o #elenão acabou gerando uma série de movimentos antagônicos – de certo modo naturais. Enquanto o #elenão tinha como epicentro pensante as elites da zona sul carioca e da nata paulistana, as mulheres que vivem na periferia enfrentam uma realidade diferente, onde os seus desafios estão exatamente relacionados com a violência, falta de segurança e ausência de perspectivas para a própria família.
E como está tudo em cima do laço, fica uma situação onde o que mais se escutou em comitês e conversas com os estrategistas foi a expressão “eu bem que avisei”. Por whatsapp, um amigo petista com militância de muitos anos e fino humor disse que há a sensação de “mar revolto”.
Claro que contou para a desconstrução da imagem do candidato do PT e o aumento vertiginoso dos seus índices de rejeição os ataques que os adversários – Ciro, Alckmin e Marina – desferiram. Mas isso tem muito a ver com a estratégia da cúpula partidária em manter Haddad colado com a imagem de Lula – além de declarações infelizes de Gleise Hofmann sugerindo um indulto ao ex-presidente Lula.
Nunca fui bom em matemática, mas numa regra de 3 simples pode-se dizer que Bolsonaro conta hoje com algo entre 42% e 44% dos chamados votos válidos o que acaba aumentando o gás dos seus propagadores, ao mesmo tempo em que o ânimo dos adversários se esmorece.
Há outros movimentos naturais de adesão nos estados, porque a realidade local é bem mais forte do que as estratégias de cúpulas. Conversando com amigos que estão inseridos e trabalhando em candidaturas nos estados (deputados estaduais e federais, senadores e governadores) percebi que existe um embarque acelerado naquela que acreditam seja a barca vencedora.
Em Minas, por exemplo, os partidos que apoiam Anastasia (PSDB), trabalham abertamente pró-Bolsonaro. Conversei com um coordenador de campanha do Avante e ele foi claro e taxativo: aqui em Minas, colamos um 17 em cima do 12 (Ciro), com quem o partido está coligado nacionalmente.
Esse é só um retrato pontual do que vem acontecendo em escala crescente em vários estados. É preciso entender que o instinto de sobrevivência da classe política ainda é área a ser estudada pela antropologia e pelas ciências ocultas. É um sentimento muito similar aos dos ratos, que são os primeiros a perceberem que um navio estão indo a pique e tratam de pular fora e buscar um porto seguro – porque vida é uma só.
Da mesma forma como escrevi em 20 de agosto que Haddad e Bolsonaro estariam no 2º turno, quando o primeiro patinava em 3% por conta da estratégia de manter o nome de Lula em evidência e Bolsonaro ainda era tratado por todos apenas como um produto exótico d descartável da democracia, hoje minha visão é de que todos os movimentos sinalizam para a vitória e consequente eleição de Bolsonaro no 1º turno.
Claro que eu sei que muitos virão com pedras e paus, mas é o preço de se posicionar – porque não estou dizendo que isso é bom o ruim para o Brasil. Apenas retratando a realidade que está latente.
—
Em tempo 1: hoje, 3, tem novos números do Ibope – que podem indicar outro cenário.
Em tempo 2: os número do Ibope revelaram que Bolsonaro e Haddad subiram dentro da margem de erro – fazendo com que Bolsonaro tenha 38% dos votos válidos.
Em tempo 3: nesta quinta-feira, tem a divulgação de mais uma pesquisa do Datafolha e do DataPoder.
0 comentários