Verdade ou fantasia? Só o tempo dirá se a ordem para desconstruir o mito Bolsonaro existe. Mas é certo que a mídia quer colocá-lo de joelhos
Por Alfredo Bessow
Quando Lula foi eleito no fim de 2002, havia uma ideia entre a esquerda de que a Globo enfim seria tratada como aquilo que realmente é: um cancro e antro de péssimo jornalismo, onde a chantagem e o constrangimento são bases de ação e atuação.
Nunca soube se esse diálogo existiu ou é fruto da ficção de pessoas que o teriam presenciado – mas como não foi uma só que a reproduziu (com pequenas alterações) adquire ares de verossimilhança. Em uma das tantas reuniões – entre a eleição e a posse – Lula teria sido questionado por companheiros durante um churrasco, como fazer para operacionalizar uma TV diferente e que retratasse as mudanças que todos ansiavam vivenciar e saber. Para pasmos e espanto de muitos, Lula teria respondido: Porque vamos criar uma TV se agora já temos a nossa TV! Instado qual seria a mágica, Lula teria respondido: agora a TV Globo é nossa.
E durante os 16 anos de governos petistas o que nunca faltou foi o aporte generoso e asqueroso de verbas publicitárias – até pelo simples fato de que é o sistema Globo como um todo que paga os mais generosos e pontuais BVs para as agências de publicidade (que, depois, continuam repassando para quem, de fato, o dinheiro pertence).
Mas porque o Lula e o PT mudaram tão rapidamente de estratégia em relação a Globo (e o mesmo vale para a Veja, por exemplo)? Pela ameaça e pela chantagem de divulgar as estripulias lulo-petistas bem antes da eclosão do mensalão deflagrado pelas denúncias de Roberto Jefferson. Quem vive em Brasília e atua nos meios de comunicação sabe que o PT, para não se preocupar com algum modo novo de fazer política, simplesmente adotou os mesmos operadores de propinas que atuaram nos governos de FHC.
As empresas de Marcos Valério, por exemplo, já eram conhecidas pelos rolos dos tempos da CLDF, dos Correios e de tantas outras contas. Assim, ficou fácil para a Globo ir colhendo rapidamente material mostrando por onde e para onde estava indo o dinheiro desviado de publicidade e de contratos. Não foi nenhuma descoberta ou trabalho de investigação, bastou que seguissem os mesmos ratos de antes. A Globo, no entanto, tinha um adversário que não permitia a instauração da chantagem em sua plenitude: Luiz Gushiken. E a Globo tratou de minar o papel de Gushiken de todos os modos, tentando imputar-lhe responsabilidades em ações e projetos de efetiva democratização na distribuição de verbas publicitárias – ampliando as fatias de rádios do interior, que não precisavam mais contar com os serviços de “intermediários” em Brasília.
Mesmo com Gushiken no posto, a Globo foi solapando a autoridade do então ministro, buscando acordos com empresas públicas – bancos, Petrobras, etc – que desde sempre buscam atuar como núcleos autônomos de poder e de corrupção.
E Lula logo ficou refém da Globo, que passou a abocanhar parcelas cada vez maiores de verba publicitária – o que atingiu o ápice a partir do 1º (des)governo de Dilma quando os últimos resquícios de profissionalismo, seriedade e responsabilidade se esvaíram e o que se viu foi a criação de um núcleo de corrupção em cada ministério – com negociações escabrosas acontecendo. Não por acaso, Gushiken foi substituído por Franklin Martins – um ex-funcionário da Globo e que, quando saiu da emissora, trabalhou em um portal junto com José Dirceu, Paulo Henrique Amorim e Mino carta – dois principais beneficiários de verbas públicas em publicidade nos governos petistas. Franklin, por sinal, orbitava como eminência parda nos arredores de Haddad. O plano da Globo é plantar o nome de outro ex-funcionários eu como “ideal” para a comunicação no governo Bolsonaro: William Waak.
Agora, notícias, boatos e vontades de derrotados apontam que a Globo já determinou aos seus “produtos” que tratem de desconstruir Bolsonaro e todos que estiverem ao seu redor. Sintomaticamente dizem que irão poupar Moro, talvez porque ele tenha tido acesso a muitas informações contra a Globo e que podem levar os herdeiros dos marinhos para a cadeia. Ao tentar blindar Moro, na verdade a Globo tenta se proteger – porque é sabido que o próprio Pallocci deixou bem claro que poderia incriminar muita gente. Inclusive dos meios de comunicação.
O trabalho de chantagear Bolsonaro e sua equipe – poupando Moro, por razões óbvias – não será um trabalho isolado da “Globo”, mas uma ação coordenada e conjunta daqueles que verdadeiramente se consideram donos do Brasil: as famílias oligárquicas que comandam os principais grupos de comunicação.
Resta saber se conseguirão colocar Bolsonaro de joelhos, como colocaram todos os presidentes de Itamar para cá – lembrando que Collor não se ajoelhou e… dançou.
Obs.: onde se lê “Globo”, subentenda-se os demais veículios de comunicação ligados ao establishment em nosso país. Eles atuam de forma coesa, organizada – como ratazanas ou aves de rapina.
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