O mundo é redondo e não tem cantos, já dizia o seu Romeo, no seu modo de pensar: para uns, estratégia; para outros, medo
O comportamento do ser humano me fascina. Discuto com especialistas em comportamento humano, notadamente aqueles que estudam distúrbios como bipolaridade, síndrome de Bordeline, mania de perseguição e outros comportamentos que vejo como impactantes na vida social.
Discuto com eles, inclusive, que na minha opinião, ninguém é 100% são – porque as pessoas têm em maior ou menor escala algumas características comportamentais que os jogam ora para um lado, por vezes para outro.
Sou apenas jornalista e torcedor do Grêmio – que fique claro.
Mas eu observo as reações, em mim mesmo, diante da pressão, da emoção, da euforia e da frustração. E gosto de avaliar tais aspectos principalmente na fase que antecede aos fatos. Observo com preocupação a euforia excessiva e a pré-depressão, que são referenciais daqueles que ficam cegos pela paixão e outros que pensam ficar com super-visão – sendo os primeiros os fanáticos otimistas e no segundo quadro, os fanáticos pessimistas.
Já escrevi e vou repetir: nos útimos dias eu acompanho um fenômeno que chamo de “biruta de aeroporto”. Amigos, conhecidos e pessoas do convívio pessoal, profissional e etílico que antes abominavam a Rede Globo, a Folha de São Paulo e a Veja, para ficar em três expoentes daquilo que eu chamo de comunicação partidarizada por conveniência financeira, agora a adoram o ex-demônio.
Já escrevi, e vou repetir, que os meios de comunicação no Brasil sempre viveram e conviveram muito bem com as ditaduras e a corrupção – porque aos meios de comunicação não interessam salvaguardas políticas ou preceitos éticos: apenas estão preocupados, os conglomerados, se continuará recebendo os muitos milhões de mídia e benesses tributárias a cada dia. Porque o dinheiro dos impostos, tributos e taxas pagas pelo povo – nenhum governo tem dinheiro! – chegam a estas contas não apenas por prosaicas propagandas. Existem muitos contratos indiretos, existem muitos benefícios dos quais as pessoas nem podem imaginar.
O horário eleitoral gratuito, por exemplo, de gratuito não tem nada. As emissoras de rádio e de TV são generosamente recompensadas com isenções tributárias em decorrência da gratuidade hipócrita que dizem conceder.
Ontem à noite, tivemos mais um debate sem debate na TV Globo – porque as regras são tão estupidamente estruturadas que não permitem nada além daquilo que o medo de parte a parte permite.
Por razões de saúde, segundo a sua equipe, por amarelar e ter medo, segundo os adversários, o líder das pesquisas não compareceu ao debate. Foi um prato cheio, mas é bom refrescar a memória. Não participar de debates tem sido uma estratégia usada pelos vencedores das eleições no Brasil desde a redemocratização e com as primeiras eleições diretas em 1989.
Vamos refrescar a memória:
Em 1989, o então candidato Collor ignorou debates do primeiro turno.
Já em 1994, o então ministro FHC compareceu a apenas um debate na TV – e todos atribuíam a ausência do tucano nos confrontos à sua liderança nas pesquisas.
Na eleição seguinte, em 1998 FHC novamente venceu seus adversários no primeiro turno e foi reeleito sem ter participado dos debates.
Chegamos a 2006 e o então presidente Lula compareceu apenas aos debates no 2º turno.
Até a brava e corajosa Dilma, em 2010, faltou a dois debates no primeiro turno do pleito.
O chorão e patético Alckmin, figura que transmite a mesma credibilidade de uma nota de R$ 3,00 usada como troca na Feira do rolo em Ceilândia (DF) não compareceu a um debate em 2014. Governador e candidato à reeleição em SP, ele alegou “infecção bacteriana aguda” para não ir ao primeiro debate do pleito. Foi reeleito no primeiro turno.
Não estou julgando as razões, as justificativas ou as opções dos candidatos. Estou apenas fazendo questão de mostrar que pau que dá em chico, dá em Francisco. Ou como diz um cronista esportivo lá do RS: a banca paga, a banca cobra. Lembro, ainda, de um ensinamento do meu pai: o mundo é redondo e não tem cantos.
Porque no caso de ontem, foi ainda mais maluco: o líder não compareceu ao debate da Globo, símbolo momentâneo da liberdade, e rivalizou com a vênus platinada em termos de Ibope concedendo uma entrevista para a Record, no mesmo horário. Ou seja: Bolsonaro foi o centro das atenções e das menções na Globo onde não compareceu e na Record, onde desfilou soberano.
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