Talvez as pessoas não saibam, mas a Anistia lá no começo dos anos 80 foi concedida depois de muita luta, inclusive quebradeiras e ataques nas ruas de Porto Alegre e outras cidade do País. E os beneficiados de então – criminosos, assaltantes, assassinos e ladrões – hoje se posicionam contra a Anistia para os patriotas.
Por que punimos um criminoso? A pena tem o poder de reverter o mal que ele causou a alguém? Infelizmente não. Por vingança? Também não. A vingança é prerrogativa de Deus. Ninguém pode executá-la. O objetivo da pena alcança primariamente o culpado para que possa refletir sobre o ato praticado e mudar sua conduta. Mas, em escala maior, o propósito da pena é pedagógico. Ela precisa ensinar a toda a sociedade que a prática do mal reverte sobre quem o executou.
A pena ensina que há um abismo no final do caminho da maldade e que esse deve ser evitado a qualquer custo. Em uma sociedade justa, o bem é louvado, o mal é punido e os valores são preservados.
Mas, e se essa sociedade perde seus valores ou os tem usurpados? Se de repente o bem passa a ser repudiado e o mal começa a ser enaltecido? Se os heróis deixam de ser louvados pela integridade e coragem e passam a ser admirados pela rebeldia e falta de caráter? Onde ficam os valores? Eu respondo: eles se perdem. Nesse caso, para que servirá a pena? Terá ela algum valor pedagógico? O que será punido? Os crimes, os erros, as desonestidades? Obviamente não. Em uma sociedade degradada, a punição alcançará as pessoas de bem. E sua função pedagógica será a de deixar claro que a honestidade não tem mais lugar de honra no baile social.
Pois é, meus amigos. E é nesse baile de horrores que o Brasil está dançando. Para nosso espanto e tristeza, homens e mulheres, jovens e idosos estão pagando um preço muito alto por crimes que não cometeram.
No próximo domingo, 16 de março, brasileiros de todos os rincões estarão juntos no Rio de Janeiro gritando por anistia para os presos do 8 de janeiro. Anistia por que eles cometeram crimes? Não. Anistia para voltarem para suas famílias; anistia para que possam sair desse lugar abominável que não foi criado para pessoas como eles; anistia para retomarem suas vidas de trabalho e honestidade porque é assim, e apenas assim, que sabem viver.
Nessa turba de brasileiros encarcerados poderia estar qualquer um de nós que trabalhamos honestamente, pagamos impostos, cuidamos de nossas famílias e respeitamos os direitos dos outros. Por isso, de todas as prioridades dos patriotas, a maior deve ser a de ver livres essas pessoas que jamais praticaram delitos, mas estão sendo acusadas de crimes gravíssimos. Será essa a justiça perfeita? Claro que não. Mas trará um alívio profundo para essas almas encarceradas que, há mais dois anos, respiram o fétido ar da solidão, do medo e da angústia. Será um alento para famílias inteiras, muitas delas com crianças pequenas, que receberão de volta seu ente querido. Que poderão sentir o abraço de quem esteve longe por tanto tempo e tentar, de alguma forma, aliviar um pouco as feridas emocionais de cada um deles. Pense nisso.
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