Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

A imposição do medo como controle político é uma forma de tortura

por | 15/12/2022 | 0 Comentários

Estranho esse tempo no qual as pessoas que deveriam estar preocupadas com os riscos de que a perda da liberdade dos adversários pode também recair sobre elas

Costumo lembrar aos que celebram os ataques sistêmicos contra os Conservadores que a grande diferença entre nossas posições é que nós defendemos inclusive a liberdade de quem nos quer silenciar. E fazemos isso não por masoquismo ou altruísmo, mas pela compreensão de que a liberdade é um valor absoluto e inegociável que apenas quem a ama sabe da sua importância no contexto da sociedade.

Digo, repito e reitero: a base do pensamento de esquerda está assentada na negação da liberdade, na compreensão de que alguns mandam e a maioria obedece. Não cabe na minha compreensão a ideia de que alguém de sã consciência e de modo deliberado se sinta confortável em defender a destruição como caminho para a melhoria daquilo que ela luta para destruir sem ter nenhuma alternativa a não ser a continuidade de um círculo perverso onde os valores vão se diluindo até o ponto de deixarem de fazer parte do escopo das referências “humanas”.

No entanto, isso é irreal. Observe-se o que aconteceu na China onde a despeito de muitas décadas de perseguição, de morte e de silenciamento, o anseio de liberdade continua epidermicamente prestes a eclodir. Basta uma fagulha e o que se pensava morto, ressurge – igual ao que nós que vivemos em Brasília vivemos a cada ano quando observamos o explodir da vida em instantes em verde depois de meses de seca e aparente morte. E o mesmo se aplica ao Irã. Ou alguém esqueceu do 11 de Julho em Cuba?

Mas os tiranos teimam em negar a realidade e insistem na inalcançável morte da vida, deixando as pessoas viverem como zumbis – como se o modo de ser inerente aos esquerdistas fosse possível de ser assumido por quem precisa do pulsar humano para fazer parte do fascinante enigma do viver.

Manter as pessoas sob constante ameaça não é um tipo de censura, é abertamente um modo de tortura continuada, que visa extirpar o sopro de vida, substituindo-o pela angústia, pelo medo e por aceitar o controle social. Não aceitar deixou de ser opção e a aceitação inconteste é o único modo como os tiranos concebem o viver. Ao não fazer concessões a gente se depara com o fato de que estes entes que se sentem acima do bem e do mal não passam de fantasmas de si mesmo, que vivem em eterno processo de fuga. Cientes da própria fragilidade de seu poder e da fugacidade de suas vidas, eles precisam se alimentar da mortificação da vida alheia para não se depararem com o espelho a revelá-los entes medíocres, odiados e odientos – ainda que circunstancialmente incensados, são reféns de quem os alçou a postos aos quais, pela capacidade ou pelo conhecimento, jamais conseguiriam ascender.

Claro que são temporários em sua vã existência, ainda que por vezes as sequelas de seus atos se tornem eternos na vida ou na memória dos que são alcançados por seus ódios e sua percepção de mediocridade.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *