Voltar aos textos aqui no blog fez com que eu me deparasse com uma realidade assustadora: as pessoas estão com preguiça de viver e consideram a existência humana um fardo pesado demais para carregar e tentam transferir para terceiros o nihilismo existencial
Voltar a escrever com regularidade aqui no blog tem sido oportunidade para disciplinar o tempo. Claro que é muito mais fácil a simples exteriorização de linhas de raciocínio através de lives, comentários ou postagens rápidas. Mas é no texto que eu me encontro comigo mesmo, com o desafio de de propor debates e reflexões – sabendo que cada leitor será também o autor de uma sentença.
Mas é fascinante demais o exercício da escrita e a incógnita quanto ao seu destino. Existem situações surpreendentes e vou me ater a algumas delas que vivenciei nos últimos dias. Não faço menção no sentido de menosprezo, mas de perplexidade – até porque ao menos em uma delas eu vi uma preocupação no sentido de tornar o texto mais palatável e mais facilmente assimilável.
Assim, vamos aos interlúdios…
Eis que estava ajustando informações quando recebo uma sucessão de mensagens pelo whats de uma professora que se dizia interessada em me “ajudar”, sugerindo que eu buscasse palavras mais palatáveis e construções de frases mais curtas, possibilitando que o leitor tivesse a opção de apoiar-se na sua própria limitação para entender o texto. Claro que agradeci e continuei escrevendo da mesma forma.
Houve uma segunda, não necessariamente na ordem, que reclamou de estar usando escrita perdulária e linguajar defasado com a modernidade de pessoas acostumadas aos textos “sincopados” da internet e que lançar mão de tais recursos não seria uma submissão aos modismos, mas o reconhecimento de que a escrita mudou e é norma “consensual” as pessoas se moldarem ao máximo de público atingível com um texto. Elitizar o texto com palavras “difíceis” não passaria um exercício de egocentrismo.
Houve ainda uma simpática senhora, jornalista, que disse que o ideal seria fazer um resumo no começo do texto, assim se a pessoa se sentisse interessada, ela leria o texto todo.
E como não ficar pasmo diante da sinceridade extrema de uma pobre alma paqulofreireana que confessou: eu achei bonito o texto, mas queria que você me explicasse ele…
Portanto, é dentro desse cenário desafiador da linguagem, da escrita e da compreensão dos que lemos é que nós vamos nos deparando com os desafios cada vez maiores: como fazer com que um povo que tem preguiça de ler perca a preguiça de pensar?
Mas, vou continuar, até mesmo porque isso tem feito em dar boas gargalhadas…
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