O que fica claro é que nosso jornalismo está cada vez mais apocalíptico – incapaz de conviver com a felicidade e com notícias boas
Por Alfredo Bessow
Não sou saudosista, mas a verdade é que os novos e modernos aeroportos acabaram tirando um lado mais romântico da aviação – aquele negócio de poder fotografar na cabine, descer as escadas ou abanar do alto delas, antes de adentrar na fuselagem, para amigos e parentes que de longe nos acompanhavam.
Sonho de adolescente, fiz algumas aulas de pilotagem – mas já sabendo que não teria dinheiro para prosseguir. Lembro do significado da posição da biruta para ter uma noção dos ventos e outras informações dispersas que ainda guardo na memória.
A eleição do Bolsonaro fez com que eu me lembrasse das birutas, porque na verdade elas nos indicavam a posição contrária para pousos e decolagens, sempre em sentido contrário ao deslocamento do vento. E como os ventos mudam…
Não tenho investimentos, mas gosto de acompanhar o contorcionismo vocabular dos colegas que precisam encontrar aspectos negativos em tudo.
Na quinta-feira, 1º, por exemplo, o dólar caiu 0,76% – mas, observem, na semana subiu 1,09%. Ainda que em outubro tenha tido uma queda de 7,80%.
O que é deixado de lado que há um cenário externo muito complexo, com um mercado preocupado com as eleições nos EUA, com a marcha dos refugiados e a indefinição das regras do Brexit (a separação do reino Unido da União Europeia).
Mas para mostrar que o trem não anda bom pro nosso lado, agora começam a martelar a história do dólar ideal – que estaria na faixa de R$ 3,20. Para mim, o ideal seria ele estar a R$ 1,57…
O que fica claro é que nosso jornalismo está cada vez mais apocalíptico – incapaz de conviver com a felicidade e com notícias boas. O que as pessoas não percebem é que os leitores estão cansando dessa manipulação desinformadora, que busca fazer com que todos vivam a mesma percepção kafkiana do mundo.
Eu fico pensando o que será do mundo dessas pessoas se o Brasil, se a nossa economia, se o nosso cotidiano hoje dominado pelo medo, mudar de perspectiva. O que será da vida dessas pessoas que necessitam SEMPRE ver, enfatizar e centralizar tudo no polo negativo? Terão ao menos coragem de buscar o auxílio de um profissional ou rumarão céleres para seguir com o mundo de pessimismo nas mesas de bares?
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