O movimento começou na quarta-feira da semana passada. Como um milagre, os derrotados voltaram às redes sociais
Por Alfredo Bessow
Tenho uma listagem considerável de contatos, uma vez que uso o mesmo número para questões pessoais e profissionais – essas divididas entre site, revista, vinho, esportes, viagens e outras frentes de ação. Há pessoas que adiciono, outras se adicionam. Há pessoas que bloqueio, outras me bloqueiam – no fluxo natural de encantos e desencantos que a vida nos entrega cotidianamente.
Mas não excluo e nem bloqueio ninguém por divergência política, religiosa ou esportiva. Bloqueio basicamente aqueles que mandam imagens bizarras. Tenho para mim, que toda divergência é salutar – ela nos ajuda a crescer e a evitar alguns vacilos.
No entanto, muitos dos meus amigos de esquerda foram se afastando desde a prisão do Lula em abril. Sentia falta, confesso, das postagens dando conta de seus arrazoados de perseguição, de injustiçados. Descarregando a fúria e proferindo injúrias contra um sistema que eles consideravam insensível aos seus ditames e interesses.
Mas desde a última quarta-feira, primeiro de modo mais tímido e no fim de semana de modo intenso, para minha alegria, eles voltaram. Com a mesma intensidade dos tempos de injustiçados, agora como justiceiros. Tudo o que antes consideravam crime – julgamento pré-concebido, linchamento público, mídia fazendo às vezes de judiciário, etc – agora dizem que basta para definir culpas e sentenciar o fim daquilo que nem começou.
Não. Eu não mudei. Continuo sendo crítico ao papel que a imprensa quer ter, sem ter idoneidade para ter. Continuo não tendo bandido de estimação – e para desespero de alguns, jamais terei.
Que cada um assuma a responsabilidade por seus atos. Mas não posso deixar de saudar o ressurgimento do Coaf: ele trouxe de volta à vida tantos amigos que estavam sumidos. Meu temor é de que logo voltem ao ostracismo e esqueçam de mim de novo. Porque a vida fica mais alegre com a convivência – virtual – desses justiceiros.
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