Depois reclamam quando eu falo do orgulho de ser gremista

Torcida do Grêmio recepciona torcedores do Atlético Tucumán com churrascada, cânticos, tragos e confraternização

Em um mundo marcado pela violência, onde os jogos de futebol costumam se transformar em verdadeiras batalhas de paus, pedras, facas e revólveres é preciso tirar o chapéu para algo que aconteceu ontem, na praia de Cidreira, distante 100 quilômetros de Porto Alegre.

Dois ônibus, com hinchas do Atlético Tucumán saíram de sua cidade para assistir ao jogo de hoje entre o Grêmio e o time argentino, pela partida de volta das quartas de final da Libertadores 2018. Para quem não sabe, argentino adora as praias do Sul – e devem ter suas razões…

Os torcedores, que saíram de Tucumám na madrugada de sábado, viajaram mais de 1.700 km e, como chegaram bem antes da partida, resolveram esticar até a praia de Cidreira – que fica a cerca de 100 km da capital dos gaúchos.

Cidreira, para quem não sabe, é uma cidade pequena e que só cria aglomeração na época de veraneio, quando a gauchada divide as areias e as águas frias com uruguaios e argentinos. Para se ter uma ideia mais clara: normalmente a cidade tem 10 mil habitantes, algo que sobe para 500 mil no verão.

Correu o mundo a forma respeitosa como os torcedores do Atlético Tucumán receberam a torcida do grêmio, inclusive a aplaudindo quando estes adentraram às arquibancadas. Gostaram do termo adentraram? Os vídeos desta demonstração de educação são reveladores de outra características de los Hermanos – gentis, educados e receptivos. Menos os de Buenos Aires…

Quando o consulado do Grêmio em Cidreira – consulado é outra forma de vinculação que o Grêmio usa para manter a vinculação torcida e clube – ficou sabendo da presença de dois ônibus de Hermanos na cidade, organizou uma churrascada de confraternização.

Exatamente isso que vocês acabaram de ler: uma churrascada – com direito a tragos, cantos e muita harmonia.

Claro que hoje de noite vai ter peleia na Arena Grêmio – mas que ela seja apenas e tão somente na bola, entre os jogadores. Serão 50 mil gremistas sonhando com a vitória… Sempre é importante lembrar que o limite do torcedor é o aplauso ou a vaia – o que for além disso, é a barbárie.

Não! Não estou dizendo que a torcida do Grêmio é composta por “santos” ou pré-divindades de civilidade e de educação. Estou dizendo que nesse caso específico, as duas torcidas deram demonstração de uma civilidade já esquecida…

Que o exemplo dos moradores e dos torcedores das duas cidades sirva de alento – por que não sonhar com um mundo com menos conflitos?