Para o bem da vida política nacional, a mobilização realizada nesse domingo, 26, não foi apenas um sucesso. Ela foi um recado da sociedade
Ao longo da nossa história, as grandes mobilizações populares aconteceram para “derrubar” algo, foram estruturadas tendo como foco fragilizar um inimigo, um adversário. E tais movimentos geralmente foram comandados por “donos”, com um viés personalista e, acima de tudo, com vistas a ocupar o espaço do “inimigo”.
O ineditismo do que ocorreu ontem está no fato de que foi uma manifestação em favor de um projeto de governo, sem que tenha sido convocada e nem chancelada por partidos, por sindicatos, por entidades compostas por profissionais e especialistas em baderna e arruaça (CUT, Une, Ubes, MST, etc). Foi o movimento da sociedade em defesa do governo que ela elegeu e das propostas políticas defendidas por esse governo.
Em um certo sentido, há um inimigo oculto – mas ele não foi
o principal polo motivador da mobilização popular de norte a sul e que levou
milhões de pessoas às ruas. O motivo principal foi reiterar o apoio às
propostas da Reforma da Previdência, MP 870, Pacote anti-Crime do Moro –
trazendo também apoio a Lava jato e cobrando a instalação pelo Senado da CPI da
Lava Toga.
O inimigo nem tão oculto está personificado na figura do Centrão
– grupo de parlamentares fisiológicos e que possuem uma pauta de interesses
menores, com a indicação de apadrinhados e de afilhados para cargos de direção,
chefia, comando e poder em empresas, ministérios e órgãos públicos.
O Centrão, é comandado por Rodrigo Maia, um político com o
perfil do baixo clero – como já foi no passado o Severino, depois Eduardo
Cunha. Mas existem outros líderes que se movem nesse submundo político e que
são donos de partidos como PP, PR, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS. No
passado não tão distante, o próprio PSL era parte do Centrão… São figuras
políticas menores, mas que dominam a arte do compadrio, da extorsão, da
chantagem e do cinismo. Tudo parte do jogo democrático…
A manifestação de ontem, tratada com desdém pelos líderes do
Centrão, mostrou claramente que esse povo só tem medo de uma coisa: do povo na
rua. E se a sociedade realmente quiser deixar esse povo acuado, ela já sabe a
receita: voltar às ruas sempre que esse grupo ameaçar paralisar o governo. Ou
como eufemisticamente comemora a mídia: manter o “parlamentarismo branco” e
obrigar o governo a se submeter ao comando deles.
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