O cenário não é simplista, mas o fio condutor do discurso ou o biombo que esconde a ação da velha esquerda hoje foi engolida por uma aversão a tudo aquilo que Bolsonaro representa. Inclusive a Liberdade.
É sempre complicado buscar avaliar movimentos sociais quando você está mais distante. Porque é fundamental entender as razões e as motivações que levam pessoas às ruas para se manifestar. E não foi diferente em relação ao que aconteceu no domingo. Mas uma situação é concreta: não foi uma manifestação de esquerda, ainda que houvesse uma profusão de bandeiras vermelhas e alguns discursos políticos.
Acompanho manifestações políticas desde os anos 70 e sei que o padrão de esquerda sempre foi pautado por palavras de ordem de enfrentamento, situações políticas muito claras e uma virulência política que sempre buscou o confronto. E nada disso aconteceu no domingo onde o chamamento se deu a partir do engajamento de artistas que têm como perfil um eventual alinhamento com a esquerda, mas que acima de tudo se pautam pelo ódio a Bolsonaro e ao bolsonarismo – pela lembrança dos anos sem lei rouanet e pela retórica desclassificadora com que o ex-presidente sempre tratou os mamateiros. Nos palcos estavam aqueles segmentos que tapam o nariz para o petismo, mas que têm medo mesmo de voltarem a viver em tempos de vacas magras e tetas secas.
Observe que procuraram inclusive uma desvinculação com bandeiras políticas e optaram pela defesa do STF, contra a PEC da Blindagem e também contra a Anistia – pauta muito mais cara para a rede Globo, como bem denunciou o PCO – Partido da Causa Operária. A Globo escalou seu corpo de artistas para atrair o povo e fazer o retrato que tanto desejava como contraponto. Digo com toda a tranquilidade: hoje, o refúgio dos canalhas contra os conservadores não está mais nas siglas da esquerda. Está na Globo – que continua comandando a audiência de um país onde o povo vive entorpecido por mentiras e manipulações.
Eu gostaria muito que as pessoas observassem claramente quais foram as vozes que repercutiram positivamente às manifestações de domingo. Não foram vozes da esquerda – mas sim representantes do sistema e do establishment. Foram os antibolsonaristas que, blindados e incensados, aceitaram a tarefa de oferecer um contraponto aos patriotas. Sabe-se agora que vídeos que circulam na internet como sendo referentes ao domingo, se não foram geradas por IA, foram copiadas de outros eventos pelo mundo afora. A mais célere das adulterações aconteceu em relação a uma suposta multidão na Paulista, em São Paulo. Os gatos pingados de sempre foram transformados nos muitos milhares no domingo com imagens copiadas, reeditadas das manifestações que aconteceram nas Filipinas, em 20 de março de 2022.
Esta característica de adulteração da realidade pode ser tida como uma característica histórica da esquerda, de repente copiada pelos antibolsonaristas para esconder o fracasso de suas micaretas de picaretas. E fica o alerta: da mesma forma como muitos que participam das manifestações dos conservadores são na verdade ex-petistas, a nova fotografia, a partir das manifestações de domingo, aponta que os patriotas já não têm mais a esquerda como única adversária. O enfrentamento vem dos antibolsonaristas, onde também podemos identificar os isentões e aqueles que temem perder privilégios – mormente os artistas que, sem público, precisam de dinheiro para suportarem o ostracismo sendo que eventos como os de domingo também servem para que eles tentem emergir da decadência e do esquecimento. Além de ganharem alguns trocados.
O cenário, ao menos para mim, está claro.
A velha hipocrisia esquerdista – o racismo que eles adoram, o luxo que eles vivem. O lixo que eles são

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