Não por acaso, na semana de mais um depoimento de Palocci, eis que um órgão renasce das cinzas para “trabalhar”
Por Alfredo Bessow
Na capa dos portais, o nome do Coaf voltou a estar em evidência nos últimos dias – com o vazamento de informações seletivas. Mas nada foi por acaso ou fruto de ações inconsequentes. Tudo isso ocorreu na semana de um depoimento de Antonio Palocci, afirmando, com todas as letras e detalhes possíveis, que Lula editou Medida Provisória com encaminhamento de dinheiro para o filho do ex-presidente e hoje condenado e encarcerado Lula.
Mas, nunca é demais perguntar: por onde andou o omisso Coaf nos últimos 15 anos de trevas, roubalheiras, corrupção e falcatruas? Onde estava tão diligente e equipado órgão que não viu nada de anormal nos bilhões de reais que transitaram de todos os modos pelo sistema financeiro nacional.
É fundamental dizer, lembrar e revelar para quem ainda não sabe: o Coaf é, ainda hoje, ligado ao Ministério da Fazenda. E quais foram os ministros da pasta nos últimos anos e que aparelharam o órgão – com salários que chegam a R$ 30 mil por mês?
De janeiro de 2003 até 1º de janeiro de 2015 o órgão ficou sob o comando de Palocci e Guido Mantega – dois trombadinhas que usaram de todas as formas possíveis para que o órgão não atrapalhasse as ações criminosas do grupo criminoso então no poder. Observe-se o nível de ação desse grupo, fisgando movimentações de qualquer porte – mas só de quem interessava a eles.
Ninguém advoga a santidade de ninguém. Mas é hora de entender o que está em jogo nesse momento – uma estratégia, volto a repetir, facilitada pelas trapalhadas amadorísticas de muitos próximos ao presidente eleito: colocar o futuro governo na defensiva e, assim, conseguir que nada seja alterado na relação nem sempre republicana entre meios de comunicação e governos.
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