Qualquer que seja o governante a partir de 1º de janeiro de 2023, a realidade os indica claramente que sendo Bolsonaro continuaremos tendo um clima beligerante contra o chefe da nação e sendo Lula, continuaremos tendo um clima de rejeição e de repulsa
Há na sociedade a firme convicção de quem o processo eleitoral de 2022, seguindo o modelo de eleições anteriores desde a imposição das urnas eletrônicas, não respeitou a vontade popular e muito menos refletiu a efetiva votação que ocorreu. As denúncias reiteradas e comprovadas de indícios de fraude e de adulteração da vontade popular deslegitimas o candidato que o sistema tirou da cadeia para colocar na cadeira presidencial – numa clara demonstração de escárnio e desprezo para com os anseios populares.
Diante de um quadro assim artificialmente radicalizado eis que volta a mesma e reiterada pergunta: qual o alcance das ações de Bolsonaro? A priori, ele sempre se pautou pelo espontaneísmo e isso inclusive foi usado tantas e quantas vezes contra ele. Eu sei que é fácil olhar a gora e dizer: ele devia ter feito assim… Mas observemos: enquanto ele alimentava o seu grupo com esperança e com uma identidade jamais vista, esse seu jeito também serviu para unir todos e não sendo capazes de vencê-lo, valeram-se de tramóias e algoritmos. E no final, ao menos para eles, venceu o “todos contra ele”.
Mas que vitória e essa na qual o o vencedor é um pulha, é motivo de rejeição e de vergonha de um Brasil ético, soberano e orgulhoso do seu patriotismo? Na verdade, venceu o Brasil do narco estado, do crime organizado, da esbórnia e da destruição.
Diante desse quadro de aparelhamento, o que sobra de alternativa para Bolsonaro? Claro que no futuro haverá sempre quem apontará os seus erros e seus equívocos, mas quantos saberão exatamente quais os dilemas que ele enfrenta no momento atual. Quem saberá das traições no círculo mais próximo do poder. Mais do que a solidão do poder, o que deve estar atordoando Bolsonaro é a convicção de que ele sabe o que deve fazer, o que precisa ser feito mas… teme lhe faltarem pernas, teme lhe faltarem apoio no momento em que decidir por uma medida extremada.
E aí temos uma outra faceta cruel: para a efetiva comunistização do Brasil basta que Bolsonaro não faça o que ele sabe que deve ser feito e aquilo que muitos de seus auxiliares próximos continuam acreditando que não passa de teoria da conspiração. Esse é o dilema de Bolsonaro: omitir-se e sair de cena como um pária derrotado, alguém que supostamente sabia o que precisava fazer e não teve forças para tanto ou não contou com o apoio ou então posicioná-lo como alguém que efetivamente decidiu, contra tudo e contra todos, apostar a própria vida em defesa do Brasil e dos valores do seu povo.
Serão dias de muita desinformação, porque, como dizia meu saudoso tio Otto: “Nunca se mente tanto quanto antes de uma eleição, durante uma guerra e depois de uma caçada”.
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