O grande desafio que nós temos pela frente é entender e aceitar que alguém precisa dizer não. A permissividade, a omissão e o oportunismo dos políticos nos trouxe até o fundo do poço. Para sair dele, é preciso romper com velhas práticas.
Dentro do possível, tento ser sincero – ainda que eu saiba
que muitas vezes esse meu jeito acabe deixando as pessoas com os pés atrás e muita
raiva.
Como foi amplamente noticiado, o Governo Bolsonaro entregou
na terça-feira, 5, um pacote de propostas que mudam a estrutura do nosso país –
buscando encontrar caminhos e mecanismos que possibilitem, que ensejem uma
governabilidade.
Quando do processo Constituinte a realidade do mundo era
outra. Estávamos saindo de um período de governos militares e ainda estava de
pé a União Soviética e o Muro de Berlim servia para materializar o desespero
dos regimes comunistas em aprisionar as pessoas.
A URSS acabou e o muro hoje é apenas uma lembrança na
memória de quem viveu aqueles horrores – e atração turística na Alemanha. Por
aqui, Sarney disse uma frase que na época gerou ódio, rancor e negativas. Dizia
ele que a Constituição tornaria o Brasil ingovernável.
É preciso entender que nossa Constituição é um monstrengo
que traz pitadas de república e monarquia, de presidencialismo parlamentarista
e parlamentarismo presidencialista. É um emaranhado feito sob medida para
facultar a bandalheira, a negociata e o fisiologismo.
Na medida em que não se discute a necessidade de uma nova
Constituinte – que seja única, exclusiva e da qual não participem detentores de
mandatos e imponha uma quarentena de quatro eleições gerais após a sua promulgação
a quem participou do seu processo de elaboração – é urgente tentar trocar o
pneu com o carro em movimento.
Claro que Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer gostaram desse
modelo, porque ele é feito sob medida para quem gosta de fazer falcatruas, para
quem gosta de subornar e fazer tráfico de influência.
Aos trancos e barrancos, o Governo Bolsonaro está tendo a
coragem de botar o dedo na ferida – sendo a principal delas o peso e o custo
que o Estado – ente inominado – tem para a sociedade, para o empresário, para o
trabalhador e para os aposentados.
E uma das medidas mais urgentes e importantes diz respeito a
terminar com a farra da criação de novos municípios, muitas vezes pequenas
currutelas – e que não possuem a mínima condição de sobreviver com arrecadação
própria. Mas claro que a ideia de ter mais e mais cidades envolve a criação de
prefeituras, de cargos comissionados, de vereadores e de assessores.
A questão toda é que o preço dessa farra é paga por nós,
contribuintes. O que é mais injusto e muitas vezes não destacado é o fato de
que a incidência de impostos sobre o consumo, padrão brasileiro, pesa mais no
bolso dos consumidores de menor renda.
Rediscutir o Brasil é algo complexo, mas é fundamental para
que possamos sair do beco sem saída no qual nos encontramos – por conta da
visão esquerdopata de fazer caridade com o chapéu alheio. Por isso, voltar à
realidade tem sido um processo tão penoso – mas que não pode mais ser adiado
para amanhã ou para depois.
QUICANDO
* Demorou pouco a empáfia da gordinha Joice Hasselmann. Anda
mendigando para ser aceita outra vez por Bolsonaro. Dória, famoso por trair,
não a quis o PSDB. Por enquanto.
* Se alguém ainda tem a ilusão de que a bancada de oposição
no Congresso Nacional tem alguma capacidade, as sessões da CPMI da Censura estão
jogando essa ideia no lixo. A desqualificação de figuras como Humberto Costa,
Lídice da Mata, Alexandre Frota, Angelo Coronel é motivo de muitas risadas.
* Na verdade, o que a oposição sabe fazer muito bem é
escândalo, com gritos e histeria – sempre contando com generosos espaços na
mídia.
* Olhando a desqualificação da oposição – o Centrão só
aparece na hora que pode extorquir dinheiro do governo – percebe-se a razão
pela qual a mídia assumiu para si o papel de confrontar os atos do Governo
Bolsonaro.
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