Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Em dia de blefe, o jogo só termina quando acaba ensinou a velha raposa

por | 01/02/2021 | 0 Comentários

Antes que me perguntem, eu digo: Botafogo pode até ter vontade de assinar um ou todos os pedidos de impeachment de Bolsonaro. Não terá coragem e nem estrutura para fazer isso, inclusive por conta de sua integridade física

Ontem, domingo, e hoje, segunda, recebi várias projeções
apontando a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na disputa para comandar a Câmara
dos Deputados nos próximos dois anos – no caso do Senado, a disputa entre
Rodrigo Pacheco (Dem-MG) e Simone Tebet (MDB-MS) pende mais para o lado do
mineiro, sendo que os principais holofotes estão voltados mesmo para o comando
do Congresso Nacional. No entanto sempre tem um mas no meio do caminho e a
atenção está em traições, deserções e cobranças de última hora. Caso não
aconteça nenhum percalço o cenário poderá indicar uma relação mais amena com o
comando do legislativo – ainda que tanto o governo quanto a sua militância
podem desde já se preparar para as “denúncias” que irão pipocar na mídia
apontando a cobrança de parlamentares pelo cumprimento de promessas – ainda que
nem todas reais.

Creio que a solução neste caso será simples e direta: o
parlamentar que fizer cobranças pela mídia deve ficar a ver navios. Simples. Se
Bolsonaro aceitar a primeira chantagem via mídia, pode entregar os pontos. Não
se trata de “não negociar”, mas de não aceitar ficar nas mãos de quem por um
sorriso ou por um par de coxas é capaz de inventar até o que nunca foi tratado,
acordado ou negociado.

O que a classe política precisa aprender é que não se faz
política chantageando via mídia, que sofre com a crise de ab$tinência, com a
falta de recursos e que se vale de qualquer dubiedade para exercitar todo seu
mau-caratismo, travestido de meia informação, quando na verdade não passa de
100% canalhice. Esse tem sido o papel mais perverso da mídia: ela prima pela
falta absoluta de caráter e de limites e quando desnudada em sua safadeza, diz
que na verdade não disse o que disse e o que ela disse, na verdade não era bem
assim.

Espera-se que o Governo Bolsonaro tenha, enfim, pronta a sua
agenda “Conservadora” para enviar outra vez ao Congresso Nacional para que
agora, sob novo comando, assuntos fundamentais para a sociedade, tenham como
avançar – a começar por definir claramente o direito do cidadão a posse e porte
de armas, hoje uma prerrogativa e uma liberdade apenas dos bandidos e dos
traficantes. Há muitos outros assuntos que devem voltar a ser pautados, como a
Identidade Estudantil gratuita, para terminar com o cartel e a máfia que
sustentam financeiramente a UNE e a UBES e sua estrutura de ócio.

Precisamos romper com as amarras que prendem o Brasil a um
modelo arcaico onde o Estado se mete em tudo, criando um cenário propicio para
um agressivo plano de privatizações para que os recursos públicos (que são
finitos) sejam aplicados em segmentos realmente prioritários. Nada justifica o
estado mastodôntico e que é feito sob medida para alimentar a corrupção e onde
funções sobrepostas acabam mostrando que se um nada faz, dois fazem menos
ainda.

É o caso, por exemplo, do Ministério do Turismo e da
Embratur, que são estruturas voltadas para “divulgar” o turismo mas que não
“falam” entre si e que acabam servindo apenas para jogar dinheiro no ralo. Se
alguém estiver viajando pelo exterior que vá em alguma embaixada e tente
encontrar material promocional do Brasil, se encontrar, terá sido premiado…

Temos um Estado que vive uma letargia endêmica e onde os
vícios são herdados e as relações promíscuas tem a espantosa capacidade de se
adequarem de governos de esquerda para governos conservadores com uma rapidez
que transcende a compreensão humana. Alguém que tivesse andado na esplanada no
auge dos desgovernos petistas e voltasse neste começo de 2021 teria a plena
certeza que na imensa maioria dos ministérios o comando continuou inalterado –
talvez com a barba feita por alguns e a mudança de roupas de outros. Mas o
comportamento e a falta de comprometimento continua exatamente a mesma.

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