É uma realidade cruel: no momento no qual o kirchnerismo lança suas garras sobre o setor que sempre pagou a conta do populismo, algumas entidades optam por trair o campo para continuar vivendo no ar condicionado (foto de Guada Vivanco)
A pujança do agronegócio argentino sempre desempenhou papel
fundamental para a economia de los hermanos e ajudou a saciar a fome do mundo.
Sempre esteve entre os principais produtores mundiais, cabendo destaque:
– Em 2018, a Argentina era o 4º maior produtor de carne bovina do
mundo, com uma produção de 3 milhões de toneladas (atrás apenas dos EUA, Brasil
e China) – mas com carnes muito mais saborosas, sejamos claros;
– No mesmo ano era o 3º maior produtor de soja do mundo, com
37,7 milhões de toneladas produzidas (atrás apenas dos EUA e Brasil);
– A Argentina produziu 4,1 milhões de toneladas de cevada;
– O 4º maior produtor de milho do mundo, com 43,5 milhões de toneladas produzidas
(atrás apenas dos EUA, China e Brasil);
– O 12º maior produtor de trigo do mundo, com 18,5 milhões de toneladas produzidas;
– O 5º maior produtor do mundo de sorgo, com 3,6 milhões de
toneladas produzidas;
– É o 3º maior produtor de girassol do mundo com 2,2 milhões de toneladas;
– O 10º maior produtor de uva do
mundo, com 1,9 milhão de toneladas produzidas;
– Ocupa a 3ª posição em termos de produção de mel, com 79 mil toneladas (atrás
apenas da China e Turquia),
– Sem contar cana de açúcar e tantos outros produtos.
Trata-se de verdadeiro celeiro que tem sido ameaçado ao longo
dos tempos pelo peronismo, mas não ao ponto da insanidade e do desprezo que
hoje o kirchnerismo dedica aos produtores rurais. O quadro na Argentina é a
mescla do pior que os regimes de viés fascistas de esquerda costumam impor aos
setores produtivos – impondo cargas tributárias escorchantes e levando o medo
de invasões de terras a propriedades centenárias e que ajudaram a construir a
prosperidade do país e do seu povo.
O agro argentino vive sobressaltado, porque o kirchnerismo trata
de reiteradamente mostrar que não possui limites em sua ação de solapar um
setor fundamental. E para piorar, algumas das entidades que deveriam defender
os produtores rurais acabaram sendo cooptadas pelo oficialismo.
Nessa semana, dia 12, a Associación Argentina de Productores
Autoconvocados divulgou um posicionamento, sob o título de “O caminho no qual
devemos andar”, deixando claro o risco que hoje o setor enfrenta e apontando
também quais as vozes que realmente hoje falam e possuem compromissos com o
setor produtivo.
Por sua densidade e por apresentar pontos muito importantes para
quem não acompanha a realidade que eles vivem e enfrentam, transcrevo a nota em
sua íntegra, porque ela é um alerta para o perigo que existe quando um setor
fundamental deixa de representar os interesses do setor que deveria defender e
passa a funcionar e atuar com interesses nos benefícios e nos privilégios:
“Esta declaração tem o objetivo de dar nosso apoio às manifestações da Sociedade Rural Argentina, pelo seu compromisso com os produtores do campo, sendo esta entidade aquela que sempre teve uma postura firme quanto às retenções (DEX) e tem defendido a posição de ilegalidade delas, insistindo sempre que tinha oportunidade na necessidade e na urgência de erradicá-las.
A Sociedade Rural Argentina, por meio de seu presidente, expressou às autoridades do FMI o que todos os produtores gostariam de ter feito e solicitou a eliminação das retenções e defendeu um estado mais eficiente.
É a única entidade que não se sentou para negociar no Conselho Agroindustrial Argentino, enquanto outras que se autodenominam representantes do setor flertam com o partido no poder, esquecendo os danos que nos causou com suas políticas no passado e persistem em continuar com as mesmas no presente.
Sendo “Productores Autoconvocados”, e apesar de não pertencermos a nenhuma das entidades que integram a Mesa de Negociaçãoo, manifestamos o nosso apoio e reconhecimento para esta entidade entidade que neste momento marca o caminho que a grande maioria dos produtores pretende percorrer ”.
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