Depois de maquiarem dados de audiência por muito tempo, enfim, até os analistas tentam ajudar a reanimar a emissora com conselhos
Por Alfredo Bessow
Ao priorizar uma linha de programação destinada a agradar guetos comportamentais, a Globo fez uma aposta de alto risco – agora percebe que a estratégia deu errado e aposta em remendos, trocando seis por meia dúzia na esperança de mudar, sem mudar.
Com o protagonismo das redes sociais, houve uma ruptura no padrão de consumo de notícias, novelas e toda a programação ficou mais suscetível ao escrutínio cotidiano dos telespectadores. Assim, muitos apresentadores acabaram usando as redes sociais na busca do confronto, achando que tudo não passava de uma brincadeira.
A Globo, que pariu essa coisa bem zona sul carioca que é o Jean Willys, deveria ter levado a sério o desabafo da sub-celebridade do submundo do modismo global: essas tias do whatsapp são um perigo para o culto à mediocridade do qual ele e a Globo são sínteses mais do que perfeitas.
Ao deixar que apresentadores – que com muita generosidade possuem base cultural para apresentar um programa de auditório em presídio – passassem a interagir e a se confrontar com o público nas redes sociais, a Globo abriu a porta do próprio inferno que sempre alimentou. Basta observar o que vem acontecendo com os vídeos publicitários – hoje um dos focos preferenciais de “deslike” por motivação ideológica. E vai sim chegar o momento no qual as marcas não desejarão mais vincular seu nome a certos personagens que acham que o confronto é o modo de se manterem em evidência.
Recordo de um peruano que era tido como o mago das pesquisas – sempre lembrando que estatística é a arte de torturar os números até que eles professem a verdade para a qual foram escolhidos. Segundo as loas da época, ele era capaz de tudo: até de ressuscitar audiências funestas. Ao lembrar dele, pergunto: ele não percebeu que a opção por uma programação de confronto e de escracho aos valores da sociedade que a Globo tornava como nova verdade comportamental, na verdade começava a gerar desconforto e revolta nos espectadores?
Tornou-se uma espécie de mantra nas novelas, na programação e em todos os espaços possíveis, a inserção de personagens do mundo LGBT+SUVXY&Z. Se levarmos em conta que o segmento representa algo como pouco além de traço da sociedade brasileira, isso passou a soar como um deboche.
E isso foi sendo ampliado para novas fronteiras, sempre com o intuito de chocar, na tentativa de impor a agenda de um gueto como clamor nacional.
O troco foi sendo gestado ao longo de muitos meses de resignação e de sistemático desmame do hábito de, muitas vezes, ligar a TV apenas para ter a sensação de companhia dentro da casa – algo hoje vencido com a popularização do whatsapp que se transformou em uma espécie de “amigo” sempre ao alcance das mãos.
Até onde isso poderá ir?
Levando em conta o protagonismo crescente das redes sociais e a promessa de Bolsonaro em regrar o repasse de verbas publicitárias – ainda mais se o novo titular da Secom conseguir estancar a máquina permissiva de BVs (com os quais a Globo costuma sensibilizar gestores aptos à corrupção a ampliarem as verbas publicitárias) que vive e reina incólume na publicidade do BB, da Caixa e da Petrobrás, principalmente – talvez a Globo tenha que ir além de apenas maquiar a programação e trocar figuras queimadas por outras de igual nível de idiotia.
A decadência da Globo é irreversível, por mais que alguns tenham necessidade profissional e empregatícia de negar a realidade.
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