Bons e ladinos na arte de chantagear, os membros do Centrão no Congresso Nacional sentiram que o povo continua ao lado de Bolsonaro. Para fugir do desgaste, aceitam votar a MP 870 – mas insistem em manter o Coaf longe de Sérgio Moro
Quem já viveu o clima dos corredores do Congresso nacional
sabe que há uma verdadeira fauna de parlamentares que se movimenta num limite
muito tênue entre a delinquência pueril e o crime deslavado. É a chamada turma
do Centrão, termo pejorativo porque realmente identifica o que há de mais
pérfido e abjeto dentro da nossa representação política em termos legislativos.
A questão é que o voto de qualquer um deles tem o mesmíssimo
valor do que o voto de alguém com capacidade de argumentação, com
posicionamento claro – ainda que você não concorde com ele. É mais do que um
grupo “ideológico”, porque o único compromisso que possuem é em se dar bem.
Eles sabem como chantagear, como condicionar votos e como conduzir o jogo para
um desfecho onde eles, os membros do Centrão, acabam sendo decisivos.
Sarney soube negociar com eles e fez um governo que foi uma
porcaria em termos éticos e a única lembrança que perdura é a inflação nas
alturas. Collor não quis partir para os conchavos, e caiu. Itamar, que desde
bem antes despachava com senadores na mesa do antigo restaurante do Senado,
aceitou submeter-se a essa turma – e será que alguém ainda lembra dos anões do
orçamento? FHC começou a profissionalizar a relação promíscua, tanto assim que
o então ministro Sérgio Motta pagava em espécie a propina para os congressistas
votarem as propostas de interesse de FHC e assim foi com a emenda da reeleição
e a CPMF.
O que FHC tinha digamos profissionalizado, os governos da
cleptocracia lulo/petista instrumentalizou e elevou a condição de plenitude.
Quanto mais fisiológico, mais leal – basta saciar a gula dos parlamentares e
para esses, obras, emendas, cargos e caixa dois são palavras mágicas. O comboio
saiu dos trilhos com Dilma, não porque se roubou menos, mas porque ela não era
confiável. E veio Temer, que com sua troupe calejada na arte das maracutaias, fez
a limpa nos cofres e a festa do Centrão. Não por acaso, Lula e Temer andam
encrencados até o talo com a Justiça e prisões e FHC só não está porque a maior
parte de seus crimes já prescreveram.
É preciso fazer uma distinção clara: nem todo mundo do baixo
clero é do Centrão, mas todo mundo do Centrão é do baixo clero. E alguém irá
perguntar: e como fica Rodrigo Maia? Bom, na minha opinião, é do baixo clero e
deve seguir o mesmo caminho da cadeia que outros seguiram – porque nada
justifica que ele continue livre, leve, solto e querendo se passar por honesto,
correto e justo.
Foi essa turma que, sob o comando do Rodrigo Maia, claro que
ajudado pela falta de coesão, maturidade e organização da bancada do Governo e
de uma articulação política bastante amadora do Palácio do Planalto, tratou de
embretar o governo, tratou de fragiliza-lo com derrotas em comissões, que não
possuem nenhum efeito real e verdadeiro, mas que foram potencializadas e
incensadas pela mídia.
Foi contra essa turma e em defesa dos compromissos assumidos
por Bolsonaro que o povo chamou manifestações populares para o próximo domingo,
dia 26 – de norte a sul. O bafo das ruas assustou a turma e foi por conta do
rugir das ruas, que eles recuaram. Eles podem ser muitas coisas deploráveis em
termos éticos, morais e de compromisso com o País. Mas eles sabem que o povo
não está para brincadeira e recuaram na esperança de esvaziar as manifestações
que já estão confirmadas para mais de 200 cidades.
Por isso, não é hora apenas de manter a mobilização, mas de
aumentar o tom das críticas e das denúncias. A turma do Centrão tem, toda ela,
rabo de palha – e sabem que a voz do povo queima…
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