Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Ausência de respostas alimenta central de boatos nas redes sociais

por | 13/12/2018 | 0 Comentários

Mídia e oposição, no papel que lhes restou como derrotados eleitoralmente, aproveitam momento para colocar futuro governo na defensiva

Por Alfredo Bessow

O envolvimento do nome “Bolsonaro” em suspeitas de ações nada republicanas era tudo que a oposição e a mídia esperavam para que o novo governo já começasse sob pressão, precisando mais dar desculpas ou silenciar diante de ataques do que se preparar para realmente mudar o modo de fazer política e de encarar a coisa pública em nosso país.

Não adianta nada o silêncio ou o refúgio nas redes sociais. Já escrevi que uma coisa é comunicação de campanha, outra em um governo de transição e outra ainda mais distinta ao chegar ao governo. Acuado, o presidente eleito e diplomado parece não saber como reagir diante de uma realidade que surpreendeu a militância virtual. Basta observar que há uma clara sensação de perplexidade em alguns grupos pró-Bolsonaro no whatsapp. Desceu uma espécie de bruma que acabou obliterando a visão que antes era cristalina quanto às propostas e agora, diante do silêncio, começam a pingar os questionamentos e pessoas, e aqui ninguém sabe se eleitores dele ou de infiltrados, anunciam que saem do grupo por “desilusão”.

É difícil acreditar em desilusão pessoal por algo que ainda não aconteceu na vida real. Em todo caso, existem casos assim.
 
Ninguém duvida dos propósitos de ruptura que Bolsonaro e sua equipe ministerial representam, mas a verdade é que a exposição das denúncias sem um contraponto sério, com justificativas plausíveis, apenas serve para ir alimentando a fogueira da oposição.

Pouca gente percebeu, mas a eleição e 2018 trouxe um dado novo para a nossa realidade política. Pela primeira vez temos um presidente eleito que antes mesmo da eleição presidencial já tinha os filhos também com mandato eletivo – além disso, na esteira de sua popularidade, elegeu pessoas com maior, menor ou nenhuma afinidade ideológica com ele, valendo-se do apelo e do discurso apenas como estratégia eleitoral.

No caso daquilo que a mídia vem chamando de “clã Bolsonaro”, é uma tentativa covarde, solerte e mesquinha de aproveitar o sentido que a palavra clã tem no imaginário popular e tentar colar no presidente uma conduta que não condiz com a sua postura na vida real.

É muito oportuno o presidente dizer ao seu eleitorado que se ele ou algum dos filhos errou, irão pagar o que devem, resolver o que deve ser resolvido e seguir a vida. Se é verdade que na vida privada pode-se fazer tudo aquilo que não é proibido por lei, é sempre bom lembrar que na vida pública não se pode fazer nada que não esteja previsto na Lei. O costume de fazer não ampara e nem justifica nenhum comportamento fora dos limites da lei – ainda mais quando se foi eleito exatamente para combater tais desvios.

Não há nenhum julgamento pré-concebido em relação ao caso. A única constatação é que o silêncio não serve como estratégia e refugiar-se em redes sociais ou optar por live é muito pouco diante do sentimento de orfandade que hoje domina muitos dos eleitores que elegeram Bolsonaro. Insistir nessa postura é apenas ir municiando oposição e mídia a reinventarem a realidade, criando uma pós-verdade que talvez nem a revelação da própria verdade em si consiga desmanchar.

Que esse episódio sirva mais uma vez para alertar ao presidente eleito e sua equipe que governar o Brasil é muito mais do que uma estratégia virtual e que a mudança de estratégia seja feita de modo urgente, porque nos portais de todo mundo a única referência ao futuro governo é exatamente a suspeita de corrupção que é alimentada pelo silêncio de quem não pode se omitir diante dos fatos – sejam eles manipulados para assumirem ares de verdadeiros ou simplesmente reais e transformados em crise pela pós-verdade cotidiana dos meios de comunicação.

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