A desidratação acentuada das demais candidaturas pode fazer com que no dia 7 de outubro tenhamos o novo presidente
Não se trata de futurologia, mas de uma tentativa de leitura das pesquisas e dos movimentos que elas revelam. Da mesma forma como escrevi em 20 de agosto que Haddad e Bolsonaro estaria no 2º turno – algo que agora se cristaliza de modo irreversível – começo a avaliar (e já compartilhei essa visão com muitos amigos) que talvez a fatura presidencial esteja liquidada no dia 7 de outubro.
Conta a favor dessa tese a desidratação de muitas candidaturas que antes eram consideradas como viáveis e que hoje se revelam em sua completa decadência e sem nenhuma perspectiva de ressurgimento.
Acredito que durante a semana que antecede o 1º turno teremos um acelerado processo de migração para o voto útil – quando os partidários de Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Meirelles (MDB), João Amoedo (Novo) Álvaro Dias (Podemos) e Cabo Daciolo (Patriota) – depois vem a turma do traço (Boulos, Vera, Eymael e João Goulart Filho). Esse contingente perfaz algo como 27% do eleitorado – com alto índice de volatibilidade. Na continuidade, temos 11,7% de nulos e 8,3% de indecisos.
Na verdade, esse movimento já é bem presente em alguns estados. No Rio Grande do Sul, o PP, por exemplo, abandonou a campanha de Alckmin, ainda que tenha indicado a sua vice (Ana Amélia Lemos). Como a candidaturad e Alckmin não empolga ninguém, o segmento neopentecostal resolveu sair do muro e deixou de lado qualquer resquício de pudor: mesmo com o PRB, umbilicalmente ligado a Igreja Universal, na coligação de Alckmin, o dono da Iurd, edir Macedo, anunciou que irá apoiar Bolsonaro já no 1º turno – fato que deverá ser seguido por outras denominações religiosas.
Qual o impacto desse apoio? Ele poderá ser decisivo no 1º turno ou terá maior relevância em um 2º e cada vez menos provável segundo turno?
Ainda usando a realidade gaúcha, dificilmente o PDT gaúcho irá apoiar Haddad, tendo em vista suas rixas históricas com os petistas.
No Paraná, partidários de Ratinho Filho (PSD) tem uma coligação de partidos que trabalham abertamente pelo nome de Bolsonaro – sem contar o apoio ostensivo do pai, o comunicador Ratinho, que não esconde de ninguém por quem está trabalhando. Outro caso emblemático está em Minas Gerais, onde a chapa de Anastasia tentou proibir a veiculação de vídeos abertamente em favor de Bolsonaro.
Na ordem inversa, no Ceará, o presidenciável Ciro Gomes tenta evitar que seus partidários o deixem na mão e corram para os braços de Haddad já no primeiro turno – quadro que se repete em Pernambuco onde os dois primeiros colocados apoiam Haddad.
Por mais que as cúpulas prefiram deixar eventuais apoios para o 2º turno – para barganhar e extorquir cargos e vantagens – a verdade é que existe um movimento dos eleitores que se antecipam aos “donos” das siglas.
Qual o impacto que isso poderá ter em termos eleitorais?
Particularmente acredito que as próprias pesquisas tratarão de manter outros concorrentes com chances – ainda que de modo artificial. Será uma forma de evitar que a fatura seja resolvida em uma semana, porque interessa ao establishment que o 2º turno aconteça e realimente a espiral de troca de favores e de corrupção, que envolve o legislativo, uma banda podre do judiciário e os donos dos meios de comunicação.
Se eu fosse apostar, diria que é bem provável que a fatura esteja liquidada no fim da tarde de domingo, dia 7 de outubro. Ainda não sei se em favor do Bolsonaro ou do Haddad, mas eu acredito que nos encaminhamos para algo assim.
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