Por mais comovente que seja a manutenção de vigílias em Curitiba, resta saber até quando haverá dinheiro para financiar isso tudo
Por Alfredo Bessow
Se é verdade, parafraseando a antológica campanha publicitária, que o primeiro Natal na cadeia a gente nunca esquece, a pergunta agora é um pouco mais ampla: quantos natais Lula irá permanecer na prisão?
Mesmo que em 10 de abril o STF decida que não podoe haver prisão depois do julgamento em 2ª Instância – o que pode levar a alegria de milhares de condenados por vários crimes – talvez a decisão chegue tarde para o velho morubixaba. Antes disso, o STJ deve decidir sobre embargos e, então, estaria consumado um transito em julgado definitivo.
E há muitos outros processos na fila, alguns deles com sentenças previstas para logo após o fim do recesso de fim de ano do Judiciário.
Não faço juízo de valor sobre processos jurídicos, porque esse não é o papel de jornalista, mesmo com conhecimentos de Direito.
Tenho conversado com petistas de vários escalões e em nenhum deles encontro otimismo quanto a uma eventual libertação de Lula nos próximos meses. Ele poderia aceitar a sugestão da defesa de ir para prisão domiciliar, mas os amigos mais próximos a ele falam de sua relutância pelo fato de que sucumbir seria uma forma de reconhecer os delitos dos quais é acusado.
No entanto, há muitos outros fatores em jogo e que podem levá-lo a mudar de entendimento.
O movimento sindical, estudantil e as ONGs entram 2019 com bem menos recursos e o próprio PT já encaminhou novas normas e procedimentos financeiros – inclusive porque paira sobre o partido um pedido de ressarcimento de quase R$ 20 mi de gastos com a candidatura natimorta e faz de conta do Lula já ficha-suja. Há também um processo de fadiga na militância, afinal de contas, as pessoas precisam bem mais do que pão com mortadela para sobreviver.
O próprio eixo das sedes dos eventos da UNE e da Ubes, por exemplo, foi deslocado para o Nordeste – área hoje onde o PT sobrevive no comando de máquinas públicas. A Bahia será sede em fevereiro de um verdadeiro feirão de eventos, como forma de minimizar custos – além e cobrar taxas de inscrição de festas que antes eram totalmente bancadas pelo governo federal.
Om chororô ou com mimimi ou não, a verdade é que o cenário para Lula, para o PT e para os seus braços de atuação nos movimentos populares é sombrio. Por essa razão, torcem tanto para que o projeto de Bolsonaro fracasse em todas as frentes. A única chance de sobrevivência do PT e do petismo como hegemônico é o Brasil entrar num ciclo de caos econômico, financeiro, social, ético e de valores ainda maior do que o atual. O simplismo da estratégia lulo-petista é tão cristalina que até mesmo antigos aliados acharam mais conveniente se afastar…
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