Diante do cenário indicado pelas pesquisas, líderes petistas acreditam que Jacques Wagner e Ciro Gomes irão disputar o posto
Por Alfredo Bessow
Mesmo com a aparente aproximação dos números entre Bolsonaro e Haddad segundo as duas pesquisas que fecharam o pacote de levantamentos antes do 2º turno, os principais nomes dos partidos de oposição ao futuro governo já começaram a conjecturar como será o day after e a quem caberá conduzir e comandar uma parcela do eleitorado que acreditam deva ser da ordem de 40% dos que votarem hoje, domingo.
O principal nome que emerge, com um viés mais ao centro, é o de Ciro Gomes, que ao não assumir a defesa de Haddad, cacifou-se como uma voz “independente” – podendo, inclusive, atrair boa parcela do PSDB (caso Dória não vença em São Paulo) ou do PSB (caso França não seja o vencedor da refrega paulistana).
Ciro teria como divisor de água a postura adotada pelo irmã e também por ele próprio de denunciar as mazelas dos governos petistas. O único empecilho ao seu projeto seria uma eventual vitória de Dória em São Paulo, quando este, com sua ambição desmedida, mesmo com sua pequena capacidade administrativa e com uma política predatória e em quem está aposto o epiteto de traidor.
O próprio nome de Marcio França é lembrado por alguns, mas resta saber qual os eu interesse em assumir esse posto, diante do desafio de administrar o mais importante estado da União, depois de muitos anos de domínio tucano em São Paulo.
No campo mais à esquerda, ainda que o PT de hoje esteja mais ao centro e a direita até do que o próprio PSDB, dois nomes se engalfinham no PT para assumir a condição de porta-vozes “da esquerda”, com o respaldo dos movimentos populares. Aqui reside a dúvida para saber quanto tempo e qual o poder desses movimentos quando suas contas deixarem de ser irrigadas com verbas públicas e passarem a depender basicamente de recursos próprios e da colaboração de militantes.
Ex-governador da Bahia por dois mandatos, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, o carioca Jaques Wagner tem contra si a ala lulo-paulista, que não quer perder o protagonismo no controle do partido, inclusive para manter a imagem do ex-presidente Lula viva de certa forma. Terá a tribuna do Senado, o que sempre será um diferencial em termos de repercussão e alcance de suas ações e intervenções.
O outro nome que surge, em caso de se confirmar a sua derrota, é o de Fernando Haddad – que poderá costurar um espaço na sociedade. Pesa a seu favor a maior lealdade a Lula, algo que conta – uma vez que a confirmação da vitória de Bolsonaro irá limitar a articulação por uma revisão no STF ou mesmo o indulto que viria, em caso de vitória da chapa comandada pelo PT.
Quem conhece a práxis petista sabe bem que o martelo, ao fim e ao cabo, será batido por Lula – mas o que não fica claro, até por não existir bola de cristal, é qual o poder de liderança, comando, obediência e subserviência que os petistas terão ao seu comando, através de ordens e bilhetes emanados de uma prisão.
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