Muito questionamos sobre o papel lesivo e perverso da chamada velha mídia com usa sistemática estratégia de desinformação. Mas há também entre os patriotas grupos que buscam, através da manipulação, atingir o mesmo objetivo: controlar e ser dono do anseio e das aspirações do povo
Se nós formos olhar para a realidade que nos cerca, veremos que existem situações que se repetem de modo cotidiano. Sempre tem alguém querendo nos manipular para ser dar bem às nossas custas. É impressionante como o ser humano se repete, no mais das vezes naquilo que ele vê de pior no “outro”.
Em um país sem mídia decente na qual se possa confiar – e volto a dizer: nós não temos um jornal como o Le Figaro que prima por fazer jornalismo e muitas e muitas vezes já externei até mesmo a pessoas do Estadão a minha perplexidade pelo vetusto jornal paulistano não ter assumido esse papel em nosso país. O Le Figaro não é jornal conservador ou de direita. Ele é “apenas” jornal que trata a notícia como fato e não idiotiza o leitor para torná-lo refém de uma tese ou cúmplice de uma sentença. Pois bem… Em um país com as nossas características, fragilidades e carências, é mais do que natural que a sociedade busque outros mecanismos para se informar sobre o que vive e informa-se do que acontece ao seu redor. É o rugido das redes sociais, que com sua instantaneidade virou refém da armadilha que tentou desmontar.
Como a essência está nos acessos, o caminho mais fácil é o sensacionalismo, o clickbait escabroso, a mentira que impacta e as palavras que mexem com o emocional. E assim as redes sociais que deveriam cumprir o papel e a função de um contraponto ao processo de jornalismo de esgoto da velha mídia acabam por se igualar a eles. Para algumas pessoas, dizer um prosaico “não sei” soa como confissão de impotência e não como algo normal diante da profusão de noticias que existem, de versões que são difundidas e de interesses envolvidos.
Quem trabalha com informação deve ter em mente sempre algumas perguntas quando algo chega até ele: por que essa notícia foi repassada? Qual o interesse do emissor? Qual o interesse para o meu público? O que há por trás de tanta generosidade? Sou jornalista e tenho uma relação cuidadosa com as minhas fontes, principalmente aquelas que considero dignas de respeito. Tanto no campo conservador, quanto nas trincheiras inimigas. E posso lhes dizer: ainda que as águas na superfície muitas vezes tenham aspectos de calmas e serenas, borbulham no seu interior. E aí está a questão que nós precisamos levar em conta: por que algumas ações de fogo amigo chegam até nós travestidas de concretude e preocupadas com os desafios nacionais.
Neste tramo de final do atual mandato presidencial e, ainda se acredita, no começo do novo período de quatro anos com Bolsonaro, o que mais haverá é desinformação. E isso inclusive como forma e fórmula de adjudicar a si eventuais méritos de algo que, por magia e elocubrações, tentará dizer que estava em suas desinformações.
Tenham muita paciência neste momento, separando fontes de oportunistas e lembrando que não podemos pensar em construir uma nova comunicação repetindo os mesmos hábitos e cometendo o mesmo desatino de desrespeitar e desconsiderar o público consumidor. Pode ser sedutor o fascínio do imediatismo, mas a crueldade da sentença é a mesma que hoje destinamos aos representantes da velha mídia. Tenhamos cuidados para não sermos nós, em lugar da esperança do novo, a repetição do velho.
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