Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Nem só de dinheiro, da opinião de especialistas e de exposição na TV é feito o futebol

por | 18/07/2019 | 0 Comentários

O futebol talvez seja o último reduto do improvável em se tratando de esporte, uma vez que o dinheiro é importante – mas definitivamente não é tudo

Quem assiste a um jogo de basquete sabe que o melhor time
irá vencer, o mesmo acontece na F1 e em tantos outros esportes onde o dinheiro
faz toda a diferença na montagem do elenco, no desenvolvimento e no acesso a
novas tecnologias. O último reduto do imponderável, da surpresa e da zebra é o
futebol. Ainda que via de regra ganhe o time com mais dinheiro, não se trata de
uma regra assim tão “infalível”.

Turbinados pela massiva exposição na TV, os clubes do
chamado eixo do mal abriram um abismo financeiro em relação aos demais times
que disputam as competições no Brasil. Costumo dizer que times ganham jogos e
esquemas no mais das vezes definem os vencedores de competições – e são
históricos os erros grosseiros de arbitragem em favor dos times desse eixo que
se pensa dono do Brasil.

Antes dos jogos de ontem, a crônica esportiva, os
comentaristas, os torcedores-blogueiros e toda a ratatulha que vive em uma
bolha segundo a qual o que existe é o “futebol” deles, apontava que Flamengo,
Cruzeiro, Palmeiras e Bahia seriam os semifinalistas. Quem chegasse de fora e
observasse o alarido da guaipecada falante sentenciaria: mas se são assim favas
contadas, por que raios ainda vão a campo?

A rodada das quartas de final mostrou que o abismo financeiro
que há deles em relação aos demais clubes do Brasil pode fazer a diferença em
um campeonato de pontos corridos – onde elenco, força nos bastidores e mesmo
localização geográfica que facilita a logística – não é assim tão definidor nos
embates chamados de mata-mata.

E olha que no jogo do Grêmio contra o Bahia e na partida do
Inter contra o Palmeiras tentaram com a manipulação do VAR reverter a
realidade. Não dar o pênalti do Nino Paraíba – que literalmente “soca” a bola,
impulsionando-a para frente – e anular o gol de Vitor Cuesta “Abajo” por uma
carga em atleta do Palmeiras, revelam a má fé do povo que fica na salinha e
daquele escalado pela Globo para comentar arbitragens.

O sonho de transformar o futebol brasileiro em um modelo de
torcidas polarizadas e divididas nacionalmente entre dois clubes esbarra em
questões regionais – e isso também justifica a cruzada desses comentaristas e
da TV Globo contra os chamados campeonatos regionais. A estratégia é matar os regionais
para que as gerações futuras de torcedores de estados periféricos sofram uma
lavagem cerebral com a veiculação expressiva de times “de fora” e assim
terminar com a estúpida força de times regionais.

Essa é a estratégia que alguns compram por ódio e outros por
ingenuidade.

Porque episódios como os de ontem à noite rompem os
planejamentos dos departamentos de mídia das TVs, de anunciantes, de
blogueiros, de jabaseiros e de uma infinidade de especialistas que colocam suas
vontades pessoais acima da realidade, que manifestam posição de torcedores em
frontal desrespeito pelos demais times.

Para ser bem simples e direto: o futebol é bem mais do que
suas mentes torpes e suas necessidades e seus interesses podem compreender.
Aprendam a respeitar os times de todo futebol brasileiro, porque é chato demais
aguentar discussões marcadas por um bairrismo doentio e tacanho – que naufraga
diante da realidade.

É assustadora a forma desrespeitosa como tratam o Grêmio –
que tem “apenas” 14 semi-finais da Copa do Brasil, que tem “apenas “ três libertadores,
que tem “apenas” dois brasileiros (porque um foi roubado dentro do Olímpico em
favor do Flamengo). E isso se repete com Cruzeiro e Atlético, com os times do
Sul e quem não faz parte do eixo do mal.

Por fim, assistam pela TV os jogos das semi-finais e tratem
de aprender a respeitar o futebol brasileiro como algo que está muito além da
mediocridade de suas mentes macabras e de seus interesses mesquinhos.

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