Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

O desafio de retomar a soberania de um país dentro de um mundo globalizado

por | 23/08/2019 | 0 Comentários

O episódio das queimadas repõe uma pergunta e um desafio: Onde ter informação confiável quando mídia tradicional e redes sociais se equiparam na tentativa de inventar cada qual a sua própria verdade?

O que verdadeiramente está em jogo nessa história das
queimadas na Amazônia – fator que sempre existiu, basta observar os muitos
links que repontam para tais incidências ao longo de muitos e muitos anos? Por
que, de repente, acontece toda essa celeuma? O que está em jogo?

Em primeiro lugar, nenhum de nós, em sã consciência,
consegue acreditar nas chamadas fontes básicas de informação dos dias atuais:
imprensa e redes sociais. A primeira é um bunker de oposição a tudo que se
vincule ao presidente Bolsonaro, enquanto que nas redes sociais é preciso tempo
e ânimo para filtrar informação.

A verdade é que existe sim uma cruzada contra o Brasil, de
grupos que não aceitam, não toleram e não compreendem que o país, de repente,
resolveu retomar para suas mãos o destino de seu povo. Não acredito em teorias
da conspiração, mas é óbvio que nenhuma ONG que atua na Amazônia está
preocupada com os índios e com a preservação das florestas. O que está em jogo
é um modelo de negócios – ONGs – que começaram a ocupar partes da Amazônia
ainda nos dois mandatos de FHC.

Era um tempo de ingenuidade, pode-se dizer até mesmo de
puritanismo. E foi nos tempos de FHC que políticos brasileiros de TODOS os
matizes ideológicos do centro para a esquerda, descobriram que era possível
unir um discurso social e ecologicamente comprometido com a defesa da Amazônia
e dos povos da floresta, com extração, venda e contrabando de muitos minérios
que estão disponíveis no rico subsolo da região.

Era o tempo nos quais as ONGs tinham uma estrutura
romântica, mas já interessadas nas riquezas facilmente encontradas em áreas
conhecidas pelos indígenas.

Esse quadro passou a mudar já no fim do segundo mandato de
FHC quando as ONGs passaram a se estruturar profissionalmente – com investidores
estrangeiros, com fundos que traziam divisas para o Brasil quase que a margem
do sistema financeiro nacional. Esse processo foi aprofundado nos governos do
PT e dos partidos que faziam parte do grande consórcio de grupos de
saqueadores.

Os desvios não foram coibidos, pelo contrário. Tornou-se
prática cotidiana aquilo que era praticado por segmentos. As ONGs se
transformaram em verdadeiros conglomerados empresariais, com estruturas que
envolvem advogados, administradores, empresas de assessoria de comunicação,
captação de recursos e divisão dos lucros entre os “donos” das empresas que se
escondiam por trás de iniciativas do chamado 4º setor.

Ao conversar com militares, muitos deles com muitos anos de
vida dentro da realidade da Amazônia, colhi a informação de que boa parte das
ONGs atuam como braços de grupos econômicos mundiais e mesmo de governos de
outros países. É aos seus verdadeiros “patrões” que reportam e prestam conta
dos resultados financeiros.

Com a chegada de Bolsonaro ao poder, o novo governo impôs
uma asfixia financeira e um maior controle sobre as atividades das ONGs –
cientes e consciente de que se tem algo que o mundo não quer um país com as
dimensões do Brasil sendo dono do seu próprio destino. Essa “asfixia financeira”
está levando muitos dos grupos que se moviam de modo quase que imperceptível na
imensidão da selva ao limite da sobrevivência. Muitas ONGs estão deixando o
“trabalho”, desmontando estruturas, desligando pessoas que trabalhavam para
elas. Sem o dinheiro do governo brasileiro e dos aliados estrangeiros, as
organizações tentam redimensionar seu tamanho e sua estrutura para uma
realidade com a qual não estavam acostumados a “trabalhar”.

Ainda hoje, lideranças indígenas e chefetes políticos dos
confins do Amazonas contam da dinheirama que circulou por ocasião das eleições
presidenciais de 2018. Alguns, mais exagerados, falam em malas de dinheiro,
enquanto que outros chegam a rememorar cifras. Com a vitória de Bolsonaro
chegava ao fim um tempo de muito dinheiro.

Estima-se que cerca de 60% das ONGs correm sérios riscos de
paralisar suas atividades até o fim do ano, mantendo-se ativas apenas aquelas
que possuem reserva financeira e parceiros que continuam investindo, ainda que
temam pela diminuição das taxas de retorno sobre o montante investido. Há
relatos que apontam sedes abandonadas em cidades do Amazonas, “trabalhos”
interrompidos e comunidades indígenas que apenas trocaram de tutor: antes,
trabalhavam para ONGs e agora passaram a atuar para o narcotráfico.

A cruzada europeia aparentemente em defesa das florestas e
da biodiversidade da Amazônia reflete apenas e tão somente a visão colonialista
de quem ainda se sente responsável pelas ações de outros países, sem ter a
capacidade de cuidar de seus próprios problemas.

Claro que tudo é potencializado por redes de comunicação que atuam, de forma ideológica, comprometidas em reinventar a realidade – cenário no qual figuras públicas valem-se de fake-news para mostrarem um comprometimento que não passa de jogo de cena, caso de jogadores de futebol (Cristiano Ronaldo usou como sendo de queimada na Amazônia uma foto de um incêndio no RS), políticos (Macron usou uma foto de 2002, insinuando ser uma situação atual), artistas e oportunistas em geral.

Português cara de pau usa foto de uma queimada no RS como sendo queimada na Amazônia

Há problemas, sim – com certeza. Como houve problemas em tantos anos anteriores.

Macron, o amestrado, usa foto de queimada de 2002 para atacar o Brasil

A diferença é que agora há um governo que não aceita que
paspalhos como Merkel e seu bonequinho de estimação que comanda a França
seguindo ordens de Berlim, digam o que deve ser feito. O cenário é complexo,
mas se tem alguém que não possui autoridade para falar em defesa da Amazônia
são os “porta vozes” escolhidos pela mídia – que na realidade se transformou em
câmara de eco de grupos políticos derrotados nas urnas.

O que dizer, então, de países colonialistas se arvorarem no direito
de discutir a nossa realidade em uma reunião do G7, sem a presença de representantes
do governo brasileiro.

Mas o que me tapa de nojo não é ler o que os boquirrotos
europeus falam, mas a postura de brasileiros, devidamente amestrados na
cartilha da submissão que a pedagogia de Paulo Freire inculca nos indivíduos,
considerando criminosa qualquer manifestação de opinião divergente. A mídia
brasileira sente falta da docilidade que os outros governantes tinham diante do
jugo europeu e, em lugar de saudar a decisão brasileira de tomar o destino de
pátria-povo e país em suas mãos, critica o enforcado que se nega a curvar a
cabeça para receber a corda no pescoço.

Para esses, educado era o Lula bêbado se mijando nas calças
e com cara de borracho em eventos públicos…

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