Essa relação sempre foi frágil e tem sido cada vez mais fragilizada pelo avanço de discurso que partem do princípio de que nós somos inteligentes o suficiente para não dependermos de um Deus. E, assim, surge uma proposta tentadora: se UM Deus tanto faz por nós, certamente o homem com MUITOS deuses não terá nenhuma dificuldade…
Toda vez que a humanidade se depara com os seus próprios limites é quando ela efetivamente encontra no divino a solução para seus desafios. Assim foi ao longo da história da humanidade. Na minha opinião, foi a nossa arrogância e a presunção de que em certo sentido somos superiores a Deus e, deste modo, não precisamos da tutela do Criador para os nossos limites humanos, que tratou normalizar a ruptura da relação do homem com Deus; até por conveniências sociais e de preservação de relações profissionais e, deste modo, não corrermos o risco de sermos isolados dentro do contexto da espiral do silêncio.
Percebo, com assustadora perplexidade, como existem seres humanos que gostam de brincar que são Deus, que se pautam por comportamentos divinos, ainda que umbilicalmente ligados ao satanismo em suas mais variadas manifestações. E que fique bem clara a minha visão, porque não defendo a acepção de pessoas, mas tento seguir o que está posto, ditado e definido na própria Bíblia, quando no 1º mandamento estipula: “Eu sou o Senhor, teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim.”
Aqui está, na minha interpretação de leigo assumido e de pecador sempre arrependido, o grande problema das pessoas que se pensam capazes de substituir o Deus Pai por um deus de aluguel, um deus de facilidades, de bondades e de concessões. Adaptar Deus aos nossos desejos e pecados é muito mais do que uma heresia.
Conheço muitas pessoas que passam a vida inteira pedindo apoio e proteção de Deus para seus projetos, mas quando alcançam o adrede pedido, esquecem de quem foi o facilitador de sua caminha e passam a atribuir a si todos os méritos da conquista. Deus foi apenas uma escada para alcançar seus objetivos. Por isso é tão importante cuidar com a soberba, que é um veneno que muitos consomem com extrema voracidade.
Lembre-se sempre disso: a humildade não está em palavras, pois como se diz: falar, até papagaio fala.
Busco ter sempre a percepção e a compreensão das minhas limitações para que a soberba não consiga me seduzir, uma vez que o demônio e suas potestades atuam exatamente no sentido de insuflar em cada ser humano a visão e o orgulho de que EU CONSEGUI. Ter a plena capacidade de exercitar a humildade é um exercício espiritual de reconhecimento. No mais das vezes estamos mais ansiosos em sermos reconhecidos por nossas conquistas do que fazer com que os louros sejam direcionados a quem de fato os merece.
E assim, caminhamos nós em círculos, como se fossemos reféns de nosso medo diante da finitude da condição humana e da grandiosidade de Deus. E pela incapacidade de compreender essa dimensão do divino em nosso cotidiano, optamos, de modo deliberado, a relativizar a fé e os valores cristãos, nos moldando a modismos e nos ajustando de modo a não ofender e nem melindrar quem na verdade deseja o fim de Deus e o nosso fim também.
Ousemos ser cristãos em nossa vida cotidiana, não apenas nas pesquisas ou quando estamos no conforto de nossos lares ou de nossas igrejas. E ser cristão o tempo todo tem riscos e desafios, e como está em João 16:33 “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo!”
O que nós precisamos é exercitar a fé e a compreensão do divino. Mesmo quando o mar não está para peixe e a vida nos coloca diante de limites e desafios. Cuide da sua fé, porque chegará o tempo no qual será tarde para se arrepender…
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