Para aprovar o PL 2630 – que institui a censura no Brasil e tem o claro objetivo de calar todas as vozes conservadoras, o presidente do Senado Federal valeu-se do poder que tem – inclusive em termos de verbas, comissões, cargos e privilégios
Lembro sempre de uma história que faz parte do folclore
político e que é recontada seguindo cores regionais e locais de acordo com a
inventividade de cada um. Reza a lenda que em determinada eleição, o “candidato
do delegado” estava perdendo na contagem dos votos e vendo as urnas irem
chegando ao fim, ele determinou e o juiz da comarca aquiesceu em interromper a apuração.
O opositor com folgada margem de dianteira nos votos, dentro de uma lógica de
estar ampliando a vantagem a cada nova urna que era escrutinada, relutou mas
acabou por confiança, aceitando.
E quando na manhã seguinte, ao recomeçarem os trabalhos, foram
contar os votos das urnas restantes, e o que era impensável… aconteceu. Os
votos do que estava na folgada dianteira sumiram e em três urnas o jogo virou.
Reza a lenda que ao entender a jogada, sentenciou que “eu dormi prefeito e
acordei palhaço”.
Mantidas as proporções, foi mais ou menos isto que
aconteceu com a votação do PL 2630 – que busca amordaçar as redes sociais e
calar a voz da sociedade através de um mecanismo que remonta aos piores métodos
de controle do pensamento que marcam os regimes de esquerda e suas mutações e
degenerações, entre as quais o nazismo e o fascismo.
Era mais ou menos 14h30, bem antes de começar a sessão,
quando recebi um informe político dando conta de que Alcolumbre havia virado o
jogo da votação, com promessa de cargos, de benefícios e de vantagens – porque
dentro do Senado e da Câmara dos Deputados, só quem manda é o presidente. Ele
precisava garantir a aprovação do PL porque este era o seu acordo com o STF –
para que logo em breve o STF faça uma interpretação que autorize o Batoré a
disputar a reeleição ao comando do Senado, mesmo dentro da mesma Legislatura.
Com o risco de ser derrotado, Alcolumbre fez valer os muitos
cargos estratégicos e de salários elevados de que dispõe, das muitas
possibilidades de benesses que pode oferecer a senadores aliados. Na verdade,
ele não mediu esforços e não teve pudor em fazer todas as concessões possíveis
e inimagináveis para garantir os votos necessários e assim entregar ao comando
do Supremo o cumprimento da fatura.
Pode ser repugnante aceitar, mas a verdade é que Alcolumbre
precisava cumprir a sua parte no acordo. Cabe a nós, enquanto sociedade, saber
como votou o senador de cada estado e cobrar pessoalmente deles a safadeza de
suas posturas, inclusive porque 1/3 deles terá de renovar o mandato em 2022.
Resta saber se nós, enquanto sociedade, teremos a clareza de dar o troco, até
porque como sempre aprendi: a vingança é um prato que se come frio…
Agora, muda o campo de batalha. O foco terá de ser contra
os deputados federais e será hora de saber se o apoio do chamado Centrão ao
governo Bolsonaro é realmente para valer ou apenas um faz de conta.
Minha opinião? Na Câmara, passa ainda com mais facilidade – porque lá o Botafogo precisará fechar apenas o acordo e fazer as promessas com os líderes dos partidos, que são os únicos que podem se manifestar em sessões remotas…
0 comentários