Mais do que um modismo, o que nos deve mover em se tratando de informação com ares de manipulação é a percepção de que nem sempre velocidade da informação é o caminho mais correto
Nas últimas horas, as redes sociais foram inundadas de
materiais supostamente hackeados de aparelhos de autoridades e também de quem
estaria por trás da invasão de dados. Claro que a mídia tradicional só divulgou
o material ou a versão que lhe interessava, dentro do seu projeto de continuar
a defender a impunidade de larápios e de ladrões.
Na minha avaliação, os dados divulgados pelo The Intercept têm o mesmo nível e credibilidade daqueles que o Pavão Misterioso divulgou. Sendo os do menino do Psol mais ideológicos e rancorosos, preocupados em sentenciar, e os do Pavão, mais misteriosos e irônicos.
Algumas pessoas vieram até mim com a arrogância de quem
estava acuado exigindo que eu reconhecesse a veracidade do material do
companheiro do deputado do Psol. Argumentei que não era possível dar
credibilidade para algo que surge sem confirmação, sem possibilidade de investigação
ou de averiguação. Argui até mesmo que o fato de Gilmar Mendes, Marcos Aurélio
Mello e advogados de criminosos encarcerados ficarem exultantes era, para mim,
motivo de dúvida – não só acerca do material, mas também e principalmente de quais
interesses estão por detrás de vazamentos seletivos.
Claro que há um jogo de muitos interesses em disputa, afinal de contas é um ex-presidente da República que, sabidamente, comandou o maior esquema de corrupção e de rapinagem da história política brasileira, que luta arduamente para voltar a cometer delitos. E claro que há toda uma estrutura armada para legitimar o que precisa ser legitimado, para deslegitimar o que está posto. E o The Intercept torna prática constante, obrigatória e reiterada em TODOS os textos e abordagens não o compromisso com a informação, mas com a arrogância de sentenciar – dentro da pior escola do jornalismo que vive e se alimenta do linchamento moral e da empáfia de quem se julga não estar ao lado certo da foça, mas de ser a própria força certa.
Os dados apontados pelo Pavão Misterioso são mais irônicos, provocativos e menos rancorosos – ainda que cheios de sutilezas e citações que mostram que o dono do perfil conhece bem a rotina nada republicana de Glenn. Mas, pelas mesmas razões de não poder confirmar o que estava sendo apresentado, também resolvi tratar tudo com a parcimônia de quem sabe que nem tudo é exatamente aquilo que parece.
Por todas as suas vinculações com o submundo dos crimes
cibernéticos, é óbvio que o The Intercept tem, para mim, pouca credibilidade –
uma vez que se admitirmos que quem se vale do submundo é parte do submundo
então estaremos diante de um crime assumidamente cometido para denunciar
supostas irregularidades ou filigranas processuais e jurídicas.
Na medida em que os envolvidos em crimes, roubos, falcatruas
e quem os defende e por quem alguns têm adoração já definiram que tudo é
correto, ainda que nem tenham tido oportunidade de confirmar e mesmo assim
emitiram posições jurídicas de convergência, eu vou continuar esperando que as
duas partes mostrem o que realmente possuem e como chegaram a tanto, ou para
mim será apenas mais um episódio entre tantos, manipulado de acordo com as
conveniências.
Há promessas de novos capítulos de parte a parte para os
próximos dias, mas de tudo foi muito risível a informação, surreal, de que o
Glenn usa um note para mergulhar em pornografia nas madrugadas.
Tiroteio
– Afinal de contas, Dilma e Gleisi viajaram ou não para a Rússia? E logo ali naquele período que coincide com a liberação dos dados pelo site aliado?
– Povo estranho: quer dizer então que o presidente da
República não pode determinar o perfil político de seu governo? Já escrevi e
vou repetir: Fazer um governo para todos deve ser o compromisso. Algo
totalmente diferente de um governo com todos – até porque nós já sabemos o que
deu e o quanto custou de dilapidação de cofres públicos os sucessivos governos
com todos. Com todos os ladrões…
– Hoje de noite, às 20h, tem Live no www.youtube.com/canaldebrasilia – Em debate, os jovens e sua opção pela Direita.
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