Pajada é forma de poesia improvisada vigente na Argentina, no Uruguai, no sul do Brasil e no Chile. Trata-se de repente em estrofes de 10 versos, de redondilha maior e rima ABBAACCDDC, com o acompanhamento de violão, normalmente em milonga.
Um abraço a quem vem chegando
a este galpão de uma nova irmandade
que rompe com tanta lei e verdade
coisas novas que vão se criando
e eu fico aqui, solito, matutando:
Pra que serve tanta empáfia e covardia
quando a verdadeira e única poesia
emana das coisas simples do povo
é por isso que pergunto, sempre de novo,
por que querem reinventar a sabedoria?
Nasci no campo, meio xucro e
abarbarado
E nunca precisei desfazer de ninguém!
Vivo cortado dos pilas, mas cada vintém
vem sempre do que foi por mim trabalhado
dou valor ao que é honesto e honrado
sem bajular chefete, capataz ou patrão
desde cedo aprendi o valor de dizer não
e se se sigo neste mesmo traçado
sem dobrar joelho ou bajular safado
é porque sou escravo apenas do coração
Não me “pidan” que eu mude meu
jeito!
Sei o preço de cada talho, cada cicratriz
meu destino é andar atrás do MEU nariz
Abro com machado e poesia meu eito
porque o que eu trago aqui dentro do peito
não está à venda e nem pra “alquilar”
porque se alguém quiser me dobrar
tem que vir de lote, assim no tropel
porque trago no coração, um quartel
destes que morrem, para não se entregar
Observo que as coisas vão
acontecendo
numa sucessão de estranhas traições
que vão revelando sórdidas ambições
de quem se elegeu lealdade prometendo
e agora se perdeu no mais querendo
usar do imenso poder do seu mandato
para se dar bem, se beneficiar, isto é fato
partindo para a velha política, mesquinha
de querer para si guardar toda a farinha
E que o povo se contente em pagar o pato
É muito estranha a nossa
democracia
onde todo mundo pensa apenas em mamar
e a conta de tudo sempre quer mandar
pro colo de quem sofre com a tirania
de congressistas, judiciário que com vilania
desdenham do direito de mandar do presidente
E ficam rindo na cara do eleitor, de repente
ridicularizando os seus anseios de liberdade
como se não passasse de insanidade
O povo aprendeu a fazer o serviço
e dará em 22 um definitivo sumiço
em ratazanas de muitas estirpes, variedade
O que dizer da ditadura do
Judiciário
onde se chega por concurso ou bajulação
gente que nunca conseguiu escutar um não
E que faz o povo sempre de trouxa e otário
mandando e desmandando sendo perdulário
de nada se importando ou prestando conta
é um povo que tudo pode, tudo apronta
sem ter compromisso com a democracia
impondo a nós, conservadores, a tirania
de obedecer a quem se guia para onde o ego aponta
Entre nós é pura falácia,
promessa banal,
a divisão de Montesquieu, dos poderes
aqui se mudam leis aos bel quereres
de quem mal cuida da sujeira do seu quintal
e quer estender seu manto de vestal
a ditar normas de conduta e comportamento
tipo biruta de aeroporto em apartamento
criando normas, reinterpretando interpretações
para se esconder, inventam ameaças, trovões
e mantém o povo calado, em confinamento
Ao longo da vida enfrentei
muita adversidade
mas nunca abri mão dos meus valores
e quando andei entre porcos saqueadores
mantive meus ideais alheios às necessidades
vendo prosperar o culto à impunidade
em um estranho mundo, onde o mercador
negocia de tudo, sem limite ou pudor
– jogando tudo no prato da mesma balança
neste comércio se vende o povo à esperança
para enganar e tapear o pobre eleitor
Confesso que tudo vai gerando
cansaço
em rituais de sarcasmo e de selvageria
Eles que criaram o vírus, impuseram a tirania
de vigiar de nós todos, qualquer pensar ou passo
fodam-se se não aceitam ou não gostam do que faço
precisamos reagir e readquirir o comando do viver
ou vamos esperar calados tudo em nós morrer
enquanto eles acertam a divisão do espólio, do butim?
Entendam, canalhas, é Deus quem manda em mim
por Ele guio os meus passos e o meu querer
É hora de voltar para as ruas de modo permanente
Ir pra cima dos que se escondem por trás da autoridade
Mostrar que não passa de estratégia, de insanidade
Manter confinados o povo, morrendo tanta gente
Numa armadilha criada por um grupo de dementes
que irá soltar versões diferentes do tal do vírus chinês
Até transformar todo mundo em povos sem altivez
É preciso que alguém assuma o absurdo desafio
de mandar estes assassinos pra puta que pariu
ou logo baterão em nossa porta, dizendo: é a sua vez!
Eu não vou entregar os pontos, vivente!
Pra mim, a dificuldade aumenta a vontade de lutar
E para me proibir ou então para me calar
terão de silenciar minha voz de modo permanente
e surgirão muitos outros, assim de repente
É preciso espantar a sensação de torpor
acabar com o reinado da morte e do terror
daqueles que, insisto, negam a nós a vida
impondo na alma de todos a chaga, a ferida
De viver com o medo, negando o amor
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