Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Para fugir do antipetismo, oposição quer distância do partido de Lula

por | 04/11/2018 | 0 Comentários

A formação de blocos de oposição sem a presença do PT é sintomático e revela o isolamento político da sigla

Por Alfredo Bessow

A insistência em se manter como voz hegemônica da oposição, segundo ordens advindas da carceragem da PF em Curitiba, está criando um movimento que objetiva isolar o PT – ao ponto de nem o partido da vice de Haddad aceitar o alinhamento automático e a submissão aos ditames da turma que, além de ter sido derrotada, ainda é considerada a principal responsável pela vitória de Bolsonaro.

Os partidos de oposição já não aceitaram o “arco de forças progressistas” proposto por Haddad antes da realização do 2º turno e agora querem ir além: a ideia é fustigar o PT e, ao mesmo tempo, assumir uma posição crítica e responsável em relação ao governo que começa sua gestão em 1º de janeiro.

Enquanto os petistas, com fortes laços da mídia sempre disposta a ecoar os seus estridentes ataques de incompreensão, lutam para manter a disputa de 2018 em aberto, esses oposicionistas que vão do PCdoB ao PSDB querem fugir do estigma de alimentarem um 3º turno na mídia e nas redes sociais. O que move é construir desde já uma via política que seja alternativa às práticas petistas e aquilo que acreditam seja um viés autoritário de Bolsonaro.

O hegemonismo dos petistas, além de sua incapacidade de efetuar uma séria e responsável autocrítica acerca de seus erros, de seus equívocos e de sua sistemática prática de trair aliados, está criando uma situação na qual o eixo da disputa política se dá pela necessidade, confirmada em pesquisas, que andar com o PT acaba vitimizando a pessoa ou o partido com o sentimento antipetista que é muito forte e consolidado dentro da sociedade brasileira.

Um dirigente histórico do PDT e que hoje assiste tudo de longe, da varanda da sua fazenda enquanto olha a criação, diz que pela postura de rancor e ódio dos dirigentes petistas, qualquer êxito do governo Bolsonaro pode inclusive fazer com que parlamentares abandonem a sigla pelo instinto de sobrevivência. Dando uma gargalhada, ele concluiu: “O velho Brizola sempre tinha razão. O próprio Prestes nunca aceitou entrar no PT porque já anteviu que sua preocupação era apenas se apoderar da máquina dos sindicatos e dos governos, sem nenhum compromisso com o povo”.

Resta saber como serão os próximos rounds dessa luta para ver quem sobreviverá como alternativa de oposição: se o pensamento teimosamente hegemônico do PT ou uma oposição séria e responsável, capaz de analisar os atos do futuro governo sem o ranço de quem foi derrotado e é odiado pelo povo.

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