Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Pesquisas apontam cenário eleitoral indefinido no Uruguai

por | 01/07/2019 | 0 Comentários

Ao menos quatro candidaturas aparecem bem posicionadas em pesquisas – sendo três ligadas a partidos e grupos tradicionais

No país mais ateu da América latina, a religiosidade e a fé
podem mudar a correlação de forças nas eleições de outubro. Esse é o quadro do
Uruguai, onde, segundo Estudo do Pew Research Center, 37% dos habitantes dizem
que não têm nenhuma religião, são ateus (10%) ou agnósticos. A vida política
“de los Orientales” sempre foi dominada por Blancos e Colorados, os dois
partidos políticos mais antigos do mundo e que continuam se enfrentando, não
mais com armas e embates de espada e para de cavalo.

A Frente Ampla, por sinal, se beneficiou com essa rivalidade
dos dois partidos de centro para garantir a vitória no 2º turno – contando com
a adesão ou a neutralidade dos integrantes do Colorado, para não permitir a
vitória do candidato Blanco. Um “Blanco” jamais votaria em um “Colorado” e
vice-versa. Isso explica a razão das vitórias em um quadro que intriga quem vê
o desenrolar político no país dos Hermanos.

No entanto, há um intruso que, a despeito de não ter a
estrutura e a capilaridade dos partidos tradicionais e nem a força do governo
ao seu lado que está conquistando adeptos exatamente por assumir posições
claras, inclusive tocando em temas tabus como a religiosidade e a fé. Trata-se
do general Guido Manini Rios, ex-comandante do Exército e que se posicionou
contra a intenção do governo Vázquez, da Frente Ampla, de reduzir o soldo dos
militares de todas as forças. Por aqui, a mídia comprou a versão oficial de que
a demissão do general e sua prisão teriam sido por insubordinação e por não
aceitar a condenação de militares que atuaram entre 1973-1985.

De qualquer forma, hoje a Frente Ampla e o partido Blanco
mantêm a liderança com algo como 30% das intenções de voto. Em um segundo
bloco, as pesquisas apontam que o Colorado e o Cabildo Abierto situam-se numa
faixa entre 10%e 15% das intenções de voto.

Faltando quase quatro meses para o pleito, nada está
definido e nem é tão simples como alguns querem fazer crer, enfatiza o analista
Eduardo Botinelli, diretor da Factum. Solapado por denúncias de corrupção, na
esteira da divulgação de casos ocorridos no Brasil, na Argentina e no Peru, o
atual governo tenta a manutenção do poder. “A Frente Ampla sempre chegava às
eleições como favorita. Em 2004 ganhou no primeiro turno. Mas a situação mudou.
Os uruguaios estão preocupados com a economia, a insegurança e também a
corrupção”, disse Mariana Pomies, socióloga e diretora da empresa de
consultoria Cifra.

É dentro desse quadro que o nome Guido Manini Rios começa a
surgir como opção para romper o marasmo político de trocar seis por meia dúzia.
Guido é um outsider e que, a exemplo de Bolsonaro aqui no Brasil, não tem tempo
de TV, não tem apoio de grupos financeiros, não possui uma estrutura partidária
ao seu dispor – mas em menos de três meses de estruturação de seu grupo que se
molda e se identifica com os ideais de Artigas, o verdadeiro pai da pátria dos
uruguaios.

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