Milhares deixam países centro-americanos e em lugar de buscarem o paraíso socialista, optam pelo inferno capitalista
Por Alfredo Bessow
Reza a lenda que Lupicinio Rodrigues, o genial compositor gaúcho de muitas dezenas de sucessos e também do hino do grêmio, escreveu “Esses moços, pobres moços” para dar de persente a um amigo seu e cantarolou na cerimônia de casamento do mesmo. Indignada, a noiva nunca mais falou com o genial compositor. A certa altura, lá vai Lupi destilando toda a fina ironia dos desenganos do amor: “Saibam que deixam o céu por ser escuro/ E vão ao inferno à procura de luz”.
Não sei por que, mas me lembrei dos versos de Lupicinio vendo a caravana de centro americanos que marcham em destino aos EUA – onde não serão bem recebidos e provavelmente rechaçados por forças militares. Por que não caminham em direção aos paraísos na terra, lugares idílicos onde tudo brota do chão sem ser necessário trabalhar? Por que querem ir para o inferno capitalista, onde serão escravizados por patrões que não respeitam leis trabalhistas, onde as garantias são mínimas?
Eu fico pensando…
Há, no mínimo, três paraísos aqui nas Américas – Nicarágua, Cuba e Venezuela. E me pergunto se os líderes, os padres que acompanham essas pessoas e outras lideranças do chamado campo humanitário, popular e progressista, não se lembraram de que a chegada deles seria saudada em tais paraísos… mostrando que os pobres e deserdados enfim optaram pelo paraíso.
Mas não.
Eles fogem dos paraísos e vão em direção ao inferno capitalista – movidos pelo único e estranho sonho de viver. Mas como? Continuo sem entender: não é ao paraíso que todos nós queremos chegar um dia? Alguém me explica as razões pelas quais essas pessoas, duas ou três mil, refugam a opção dos paraísos socialistas e aceitam os riscos de enfrentar a força do capeta… para viver no inferno capitalista. Ainda mais com o Trump…
Eu, que sou pecador e por isso vou a Cristo sempre em busca de perdão no sonho de uma vida eterna no paraíso, algo que para muitos evolucionistas é apenas estupidez e ignorância, não consigo entender como milhares de pessoas fazem exatamente o caminho inverso: essa pessoas deixam de adentrar ao paraíso terreno e preferem colocar as próprias vidas em risco para viver no inferno.
Luterano que sou, lembro bem de Genesis 3, que relata todo o processo de tentação ao fruto proibido até a expulsão de Adão e Eva do paraíso. Leio notícias de que há padres, sacerdotes e religiosos a guiarem, monitorarem e organizarem as caravanas. Mas será que eles não sabem da Palavra? Logo eles, que com uma guinada na caminhada podem tirar milhares de pessoas da tentação do diabo (capitalista) e levá-las em paz, em segurança e em júbilo para o paraíso.
Tenho dificuldade de compreender muitas contradições do ser humano – mas essa que acompanho pelo noticiário me deixa pasmo, estupefato. Como dizem meus conterrâneos: me caíram os butiás do bolso. Quer dizer que, guiados por homens de fé e de conhecimento da Palavra, milhares marcham para o inferno porque não querem as generosas bênçãos do paraíso?
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