Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Uma semana para que todos lembrem em qual Brasil estamos

por | 11/05/2019 | 0 Comentários

Mais do que embates políticos e negociações, os últimos dias serviram para que todos nos lembremos que muitos precisam que o Brasil continue sendo um curral

Por priorizar empresarialmente outros projetos, acabei deixando um pouco de lado a questão dos podcast e também a própria alimentação do blog pessoal. Porque se o Brasil, sejamos francos, não é para amadores; imagine você, estimado leitor, quando nos referimos ao mundo político. Daí sim, definitivamente, ou a pessoa leva como um ensaio para a loucura – e, em certo sentido, seria conveniente que as pessoas relessem Elogio da loucura, de Erasmo de Rotterdam (porque seria uma heresia recomendar um mergulho no retrato da Europa do começo do séc. XX pintado por Thomas Mann em “A montanha mágica”) – ou começa a acreditar que o normal é a desfaçatez, jamais a coerência.

Claro que nada supera o instante de inflexão medrosa de uma
figura pérfida como Paulino da Força Sindical que escancarou o que hoje é voz
corrente dentro do Congresso Nacional: é preciso inviabilizar uma Reforma da
Previdência séria e responsável para evitar que Bolsonaro tenha uma estrada
menos esburacada para buscar a reeleição. A receita foi clara: faz um arremedo
que vai desgastar o governo, que não vai resolver o problema – mas que vai
atender aos interesses da corja que foi defenestrada do poder.

O jogo político é muito mais sórdido do que as pessoas podem
imaginar e é bom que as vísceras comecem a ser expostas, para que todos passem
a entender como funciona a engrenagem oculta que sempre funcionou sem que seus
ruídos fossem expostos da forma como estão sendo agora. Se de um lado a
exposição é feita, via mídia, como forma de chantagear o governo, de outro ela
desnuda para que os humanos saibam como funciona a máquina da fisiologia e do
oportunismo.

A própria mídia vale-se da desinformação como forma de
ajudar a manter um clima de barganha e de enfrentamento, ao supervalorizar
assuntos pontuais e menores exatamente para que a realidade passe despercebida.
Assim, derrotas nas comissões tem pouco ou nenhum impacto no final, no
plenário, onde as questões efetivamente são resolvidas e definidas. Muitas
vezes, é apenas um recado para aumentar o poder de barganha antes da votação
que realmente vale a pena.

Mas é claro que é preciso enfatizar que o governo é
derrotado “ene” vezes, porque é algo que mexe no xadrez político e também nos
interesses de quem foi eleito não para representar a defesa dos interesses da
sociedade, mas sim como parte da atividade profissional de ter acesso a verbas
públicas.

Durante a semana, estive no Congresso Nacional. É perceptível o desconforto de parlamentares acostumados com a negociação e a troca de favores e vantagens nem sempre republicanas e que estão há cinco meses sem nenhum extra. O processo de tudo que ocorreu nessa semana foi um recado muito claro: ou recebemos oxigênio… ou asfixiamos.

O recado foi simples, claro, incisivo e direto.

Um verdadeiro tapa na cara dos brasileiros.

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