No Brasil, debate sobre a liberação das drogas sempre levou MAIS em conta os pontos de vista de usuários e traficantes, do que os interesses da sociedade
Sempre fui
movido pela curiosidade, pelo desconhecido, pelo novo, pelo inusitado – mas
mesmo com tais características que me trouxeram até aqui, claro que sempre tive
meus medos, meus cuidados e meus receios. Costumo dizer que tive acesso a todos
os tipos de coisas permitidas e proibidas, mas sempre me pautei por um
balizamento claro daquilo que me conviria ou não. Assim, nunca fui seduzido por
drogas como maconha ou cocaína, preferindo mesmo vinhos, cervejas, cachaças e a
paixão pelo Grêmio – que eu costumo dizer que são os meus vícios e as únicas
drogas que me agradam.
Não sou
hipócrita em não reconhecer os riscos e os perigos que o alcoolismo representa
e sei a praga que é o seu vício e a sua dependência para tantas famílias de
amigos e amigas que sofrem com o inferno de vidas destroçadas. Sei das milhares
de mortes que o álcool causa e os custos que o Estado precisa assumir com o
tratamento de alcóolatras.
Mesmo ciente e
consciente dos problemas causados pela dependência do álcool e por saber
claramente que se trata mais de uma doença do que APENAS de um vício, não
consigo colocar no mesmo patamar o álcool – e mesmo o cigarro – das outras
drogas acerca das quais de quando em vez se escutam vozes defendendo a sua
liberação. O tema é antigo e sua abordagem recorrente.
E
definitivamente não é a mesma coisa – porque ser dependente do álcool é um
inferno para si e para a família, mas é um vício que se encerra dentro de uma
cadeia de produtos e não oferece as mesmas armadilhas sedutoras, com um
processo de consumo cada vez mais refinado e inacessível financeiramente,
saindo da maconha, passando pela cocaína, pelo ecstasy e indo para drogas sintéticas e cada vez mais caras e que
geram cada vez mais dependência química e e insanidade financeira.
O Uruguai
liberou a maconha para uso digamos controlado e se deu conta da explosão do
consumo da cocaína e de outros tipos de drogas – e o consequente aumento da
violência do país. Sou contra qualquer estratégia de liberação das drogas, uma
conversa fiada que volta sempre à tona, que sempre entra na pauta das pessoas
interessadas em abordar um assunto por um ângulo falacioso, cínico e conivente
com a criminalidade.
Posso estar
errado, mas continuo acreditando que o enfrentamento ao consumo das drogas
demanda uma série de ações de repressão e de educação. Por isso, fiquei pasmo
quando em um programa matinal uma doida da Globo apresentou como atração uma
maluca que se diz cantora, fazendo a exaltação da maconha e do seu consumo.
Eu tenho a
impressão de que existem pessoas que estão querendo testar os limites de
paciência e de tolerância do governo e da sociedade – e depois reclamam quando
levantamentos e pesquisas indicam que o brasileiro tem cada vez menos apego ao
padrão de democracia que temos em nosso país, muito mais associado à
irresponsabilidade e à licenciosidade do que ao respeito ao Brasil e aos
brasileiros.
Qual a
alternativa para enfrentar as drogas? Eu, continuo partidário de reprimir o consumo
e endurecer as leis contra o tráfico – porque a liberação não deu certo em
nenhum lugar onde foi tentada.
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