Faltando 10 dias para o 2º turno e praticamente alijado da disputa, Haddad tenta sobreviver e faz concessões e renega passado
Depois de conseguir levar uma ateia confessa a comungar numa missa em Aparecida, Haddad tem demonstrado uma capacidade de fazer concessões que deixa cada vez mais claro que o verdadeiro objetivo é tentar, a todo custo, ainda se viabilizar eleitoralmente.
Mudou a cor histórica do partido; renegou antigos amores como Maduro, Fidel, Ortega – a quem chamava de democratas e cujos países indicava como símbolos da verdadeira democracia –; deixou de visitar semanalmente Lula numa cela em Curitiba; voltou atrás em taxar grandes fortunas; já não fala em revogar a reforma trabalhista de Temer; passou a cantar amores por Moro; perdoou a bofetada que o Cid Gomes deu; abriu espaço para trazer para seu lado FHC e os tucanos; sinalizou que o MDB seria bem-vindo em um governo seu; fez juras de amor pelos pentecostais, e agora irá se posicionar contra o aborto – só falta dizer que não aceitará discutir nada relativo à ideologia de gênero em seu governo, em seu mandato.
Em baixa nas pesquisas e praticamente derrotado, Haddad tenta de tudo – mas, o que salta aos olhos, é a absoluta falta de credibilidade de tudo que fala. Quem sabe como é o PT, que sabe como o PT trabalha – sabe o quanto o partido é dissimulado em suas práticas, o quanto o partido é incapaz de cumprir acordos e compromissos. Imagina quando está em jogo uma cesta com milhares de empregos e muito dinheiro para entidades, organizações e relações nada republicanas com empresas.
Quanto mais os números confirmam a tendência pró-Bolsonaro – a despeito da busca cotidiana de fustigamento por parte da imensa maioria da mídia – mais generoso e democrático Haddad tenta se mostrar.
Como tem sido dito por especialistas – se Lula foi o responsável por alavancar a candidatura de Haddad jogando-a no segundo turno, também é justo atribuir ao velho morubixaba as causas da derrocada do seu pupilo. Não só por Lula estar numa cela – e ele ainda não foi para uma prisão, o que deverá acontecer em algum momento, a exemplo do que já aconteceu com Sérgio Cabral, Luiz Estevão e tantos outros – mas tudo que o PT passou a ser sinônimo: corrupção, imposição de uma pauta comportamental moldada pela Central Globo de Novelas e pela elite da zona sul carioca, desatino com as contas públicas, investimentos escandalosos em outros países, desrespeito na relação com outros partidos do campo de centro e de centro-esquerda, aparelhamento das estruturas de agências e administração pública, etc. Nem tudo pode ser verdadeiro, mas tudo passou a ser debitado na conta do PT.
Talvez seja exagero, mas o sentimento anti-PT cresce a cada dia – e a cada nova concessão, fica mais patente que para o partido, nesse momento, não interessam as convicções e nem seus compromissos históricos. Interessa apenas manter o poder.
Resta saber se o povo – que é quem decide, a despeito das urnas eletrônicas – vai acreditar…
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