Vamos deixar de lado o bairrismo e o rancor por desavenças políticas – não tenho nenhuma responsabilidade pela debacle argentina por conta do seu apego a um escroto como Perón ou os ladrões do clã Kirchner. Eu quero falar de futebol…
Para quem não sabe, sou gremista. Me criei sofrendo com os títulos consecutivos do Inter – em um tempo onde as hoje comprovadas negociações de resultados eram tidas apenas como choro dos perdedores. Mas a paixão pelo Grêmio nunca me impediu de observar e admirar a exuberância de um Inter avassalador e que era contido nos Grenais pela inesgotável entrega de Iura, jogador do Grêmio que sempre se agigantava nos clássicos.
Mas como não admirar Carpegiani e Falcão? Por falar em Falcão, imagine a extrema ironia: eu, gremista, deixei de torcer pela Seleção Brasileira em 1978 quando o jogador colorado era o melhor e mais completo jogador em atividade no futebol brasileiro (e certamente mundial). e não foi convocado para a Copa na Argentina. A partir dali, para mim o futebol perdeu o encanto – porque já não bastava ser o melhor, mas era preciso ter esquemas para disputar um mundial. Realidade que acontece até nos dias de hoje ou, se não for por esta questão, o que justifica a convocação de uns 10/12 jogadores por Tite para as disputas no Qatar?
Essa coisa de precisar de um padrinho para alcançar certa projeção ou reconhecimento é uma nódoa do comportamento humano. Não apenas brasileiro. Tem algo mais estapafúrdio do que Mário Quintana, o genial poeta gaúcho, nunca ter sido da ABL por não suportar os salamaleques e as bajulações? O que dizer então da omissão do Nobel que nunca lembrou do argentino Borges ou do Itabirense Drummond para o galardão de Literatura? Como entender a não concessão do Nobel da Paz para o mineiro Alysson Paulinelli que saindo de Bambui revolucionou a produção de alimentos?
Mas voltemos ao futebol…
Antes do jogo Argentina x Croácia vieram me indagar: para quem vais torcer? Olhei, dei um sorriso heterossexual debochado e disse: pelo Messi! O interlocutor cheio de sabedoria atacou: ah, pela Argentina… Tive que repetir mais duas ou três vezes: vou torcer pelo Messi.
E tratei de apontar as minhas razões.
Sinceramente, pouco me importa a Argentina. Eu gosto de futebol. E se tem alguém que joga futebol hoje no mundo, esse alguém é Messi. É um encanto vê-lo em campo, negando todas as verdades do futebol automatizado, dos esquemas que sufocam o talento, que imbecilizam o espetáculo e que tornam a maior parte dos jogos verdadeiras odes à mediocridade.
Ver Messi em campo é entender a magia do futebol e saber que sempre haverá espaço para o inusitado, para o óbvio que desconcerta e para aquele movimento que soa como um: não, não é possível!
Vou torcer para que Messi ganhe o Mundial e seja eleito o melhor jogador da Copa com justiça e não na forma de trampa ou consolação como foi em 2014. Vou torcer pelo Messi porque ele e o futebol merecem a consagração de um Mundial. Não é justo que até Dunga tenha uma Copa e Messi não. Eu sei que a vida não é feita de justiças, mas também não pode ser sempre um culto à injustiça.
E vou torcer pelo Messi porque eu gosto de futebol, principalmente o futebol do inusitado e onde alguém com um talento extremo, seja capaz de cumprir funções táticas e destruir as táticas adversárias.
Enfim, vou torcer pelo Messi, porque ele representa a magia do futebol e sem magia, o futebol é enfadonho, mecânico e sem coração. Sim: seu eu odiasse o futebol, torceria pelo Brasil do Tite ou pela Croácia. Torcer pelo Messi é uma questão de amor e respeito ao futebol. Apenas isso. Ou tudo isso!
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