Alfredo Bessow

Alfredo Bessow é um jornalista, radialista, influenciador e analista político brasileiro com mais de 40 anos de experiência.

Teleton: quando o humano se revela muito além dos códigos

por | 11/11/2018 | 0 Comentários

Presidente eleito liga para Silvio Santos e as redes sociais questionam: afinal de contas, um presidente pode continuar “humano”?

Por Alfredo Bessow

Como proposta, o Telethon (Television Marathon) surgiu nos EUA em 1965, idealizado pelo ator Jerry Lewis, que, ao tratar dos eu filho deficiente físico, percebia que nem todas as pessoas com deficiência tinham a mesma condição financeira para garantir um atendimento”. Essa explicação histórica consta em verbete na Wikipédia. No Brasil, ele acontece desde 1998, quando Hebe Camargo levou a proposta até Silvio Santos, dono do SBT, que comprou a ideia e, assim, sempre realiza essa maratona que busca, mais do que dinheiro, alertar para os problemas que muitas vezes nos cercam e não enxergamos, além de despertar um pouco da solidariedade que vai se mortificando em nós…

Pois bem…

Eis que a edição 2018 ia se desenrolando, com um nível e captação até certo ponto abaixo das expectativas, gerando apreensão entre luas e sóis – com pessoas que sabem a importância da solidariedade e que se deparavam com o risco do valor estipulado não ser alcançado.

Assim, no fim da tarde – em hora ao menos para mim incerta e não sabida – começam a pipocar nas redes sociais (principalmente whatsapp) informes, conversas e perguntas se era verdadeiro o não o fato de que o presidente eleito Jair Bolsonaro havia ligado para o dono do SBT.

É óbvio que isso não é fruto de nenhuma estratégia de marketing definida por um “especialista”. Para mim ficou muito mais como a expressão do lado humano “dele” sempre enfatizado por pessoas que interagem com Jair Bolsonaro do que algo metodicamente estruturado.

Até a flauta dos botafoguenses perdeu força e impacto no fim de tarde de sábado, com o Teleton ocupando um espaço de destaque e impulsionando a arrecadação – fazendo com que a meta fosse atingida com relativa folga.

Não estou aqui endeusando Jair Bolsonaro, apenas ressaltando o impacto positivo de um gesto simples, como o de fazer uma ligação. Claro que há muito mimimi, gente dizendo que Silvio é saudosista da “ditadura”. Em um país no qual ainda há uma alimentação cotidiana do ódio por muitos meios de comunicação, insistindo em uma pauta agressiva, excludente, rancorosa e de frustração ideológica, a ligação de Bolsonaro caiu como um prato cheio.

Mas há um outro lado e que é ignorado, por conveniência: ao contrário do que querem e insistem alguns, o Brasil precisa e quer ser pacificado socialmente. E isso não quer dizer terminar com as divergências, mas preconiza o respeito à diversidade. E cá entre nós: hoje há pouca tolerância e respeito dos derrotados pela vontade da maioria expressa nas urnas. São os derrotados que insistem na tecla do “nós” contra “eles” – como se esse maniqueísmo simplista fosse a única forma de se manterem politicamente vivos.

Para esses, o gesto de Bolsonaro soou como uma ofensa, como uma blasfêmia. Para os demais, como um sinal de respeito – mostrando que, mesmo eleito, o seu lado humano continua “vivo”.

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