Para alguns, é mais facilmente justificável junto ao seu grupo político reinterpretar a história de um encontro com Jesus pela ótica do desprezo do que pelo respeito
Por Alfredo Bessow
Quando a pessoa não consegue desconstruir o “outro” com argumentos – porque para argumentar você precisa em primeiro lugar respeitar o outro e vê-lo como um ser que merece respeito – o caminho mais fácil é o do achincalhe, tentando submeter a pessoa ao ridículo. Claro que é algo infantil, mas funciona nos grupos onde o nível intelectual e a capacidade de aceitação do diferente se aproximem.
Na medida em que faço parte de muitos grupos no whatsapp é mais do que natural que venha até mim uma série de mensagens – nem todas com conteúdos respeitosos, mostrando claramente que quem defende a tolerância como bandeira se dá o direito de definir o que pode ser tolerado.
Correu mundo a história da pastora Damares dando conta do seu encontro com Jesus em cima de uma goiabeira e isso virou motivo de chacota – porque respeitar o divergente é algo que poucas pessoas “militantes da divergência” praticam. Repito, para que fique claro.
Eu mesmo postei um texto com foto sobre a comemoração da vitória de Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios aqui em Brasília na noite de 28 de outubro: Explosão Cívica toma conta da Esplanada com milhares de pessoas. Pois bem… teve gente com a empáfia de me cobrar em mensagens achando que havia um tom de ufanismo na manchete. Sim, porque nele e nos demais que depois me enviaram mensagens, havia um sentimento de velório.
Na verdade, Jesus não estava no pé de goiabeira. Quem estava lá era uma criança atordoada, carregando a culpa e que ia, em gesto de desespero, buscar a libertação através da morte. E foi então que Jesus chegou-se até ela, como poderia ter chegado em qualquer outro lugar. Porque Jesus vem até nós o tempo todo. Não há um lugar definido onde buscar Jesus e nem uma hora pré-anunciada. Repito: ele está em todos os lugares e em todos os momentos.
Li mensagem interessante, dizendo que muitos desses que ridicularizam Damares acham plenamente normais e justificados os relatos de amigos que, sob efeito de drogas, veem duendes e interagem com eles. E consideram que isso é normal. Há os que veneram uma estátua, que adoram um ídolo, um símbolo – e quem sou eu para dizer que eles não devem fazer isso? Mas muitos dos que querem respeito para suas manifestações de fé, costumam ridicularizar a do outro – quando não conseguem impor suas verdades.
É importante sempre lembrar o que aconteceu no terceiro dia depois de sua crucificação, quando foram ao túmulo para “encontrar” Jesus. Ele já não estava mais lá, porque já estava onde alguém precisasse dele. Ridicularizar Damares tentando menosprezar a fé que move a sua vida é uma forma de ridicularizar também a Jesus. Ora, que Deus é esse que “sobe” em um pé de goiaba? O que as pessoas teimam em não aceitar, em não entender e por isso precisam achincalhar é que Jesus sempre estará onde estiver alguém que precisa dele.
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